Escatologia Parte 5 – 01/03/22
A Ressurreição, o Juízo e a Consumação Final
A ressurreição que segue como efeito imediato da segunda vinda de Cristo é uma verdade distintiva e elementar do sistema cristão. O termo ressurreição significa levantar-se outra vez, isto é, um surgimento daquilo que estava sepultado. Significa também restauração a vida daquilo que estava morto. Visto que a alma não morre com o corpo, ela não pode ser o sujeito da ressurreição. Por isso é o corpo do homem que é ressuscitado.
O ensinamento bíblico sobre a ressurreição
O ensinamento bíblico sobre a ressurreição aparece no Antigo Testamento, embora menos explicito que no novo. O fato da ressurreição foi pressuposto em toda a economia do Antigo Testamento e faz -se distinção entre a imoralidade da alma e da ressurreição do corpo. O salmista por exemplo, fala da esperança da redenção do Hades, ao indicar que Deus redimirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomara para si (Salmo 49:15) O profeta Isaias refere-se a ressurreição do individuo quando dirige à Igreja uma bela profecia: “ Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão a ressurreição, despertai e exultai, os que habitais no pó, por que teu orvalho ó Deus será como o orvalho da vida, e a terra dará luz os meus mortos (Is26:19). Aqui os mortos são chamados de “vossos” (falando a Deus) porque dormiam Nele, as suas almas encontraram-se em segurança debaixo da Sua proteção.
No livro de Daniel encontramos a doutrina da ressurreição ensinada de maneira ainda mais explicita. Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno (Daniel 12:2).
O Novo Testamento está saturado de verdade da ressurreição, mas aqui ela se apresenta de maneira mais sublime. Paulo fala do aparecimento do nosso Salvado Jesus Cristo, o qual não só destruiu a morte, como trouxe luz a vida e a imortalidade mediante ao evangelho (2Tm1:10). Somente através do evangelho é que o conceito cristão da ressurreição da destruição completa da morte encontra a sua expressão mais sublime. O testemunho básico do Novo Testamento está nas palavras do próprio Jesus Cristo. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito bem, para a ressureição da vida, e os que tiverem praticado a o mal pra ressureição do Juízo. (João 5:28-29).
O anuncio do evangelho, portanto, abrange a ideia da ressurreição do homem na sua totalidade e da raça humana para existência eterna. Cristo também associa a ressurreição a Sua própria pessoa e obra. Diz Ele: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim ainda que morto vivera e todo que crê em mim não morrerá eternamente. Isto é verdade porque Nele há vida e poder, Porque assim como Pai tem vida em si mesmo também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo (João 5:26). Paulo mostra que a ressurreição de Cristo será o modelo para a ressurreição dos corpos santos: O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da Sua glória (Filipenses 3:21). O fundamento e a condição secretos da ressurreição dos crentes é a união com Cristo ressuscitado como a fonte de vida tanta para alma como para o corpo.
Enquanto a ressurreição dos justos é para a vida eterna, a dos ímpios é para condenação e vergonha eternas. Paulo, portanto, fala da sua esperança com Deus, como também estes a têm, de que a ressurreição, tanto de justos como injustos (Atos 24:15).
A Natureza do Corpo Ressuscitado
Falando do corpo, Paulo escreve: Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em gloria. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual (1Cor 15:42-44). Nesta passagem o pronome reflexivo “se” é usado tanto em referencia ao corpo “natural” como ao corpo “espiritual”. Por isso a Igreja assegura que o corpo ressuscitará e em alguns aspectos essenciais não muito claros, será depois a ressureição o mesmo que fora antes.
Com referencia a natureza do corpo ressuscitado e aperfeiçoado, pouco sabemos. Contudo, o nosso Senhor declarou: Os filhos desse mundo casam-se e dão-se em casamento; mas o que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos, não casam nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, filhos da ressurreição. (Lucas 20:34-36); Paulo declara que carne sangue mão podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção (1Cor 15:50).
Das passagens bíblicas acima citadas parece claro que o corpo ressuscitado estará livre de decomposição, dissolução e morte, assim como de tudo o que tende para a morte, enfermidade, dor e sofrimento. O corpo novo será imortal no sentido amplo da palavra. Formosura e gloria além do alcance da inteligência humana serão, sem dúvidas, características dos corpos gloriosos dos remidos, pois a promessa é de que quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é. (1Jo 3:2).
É também possível que no corpo ressuscitado venham a residir faculdades e capacitas novas e elevadas e sem dúvida, e todas que existem agora serão consideravelmente aumentadas. Em resumo, podemos dizer que o corpo ressuscitado será de tal natureza que se adaptara perfeitamente ao novo ambiente em que viverão os remidos. Neste sentido será um corpo espiritual, em vez de um corpo natural e, assim, perfeitamente a uma forma de viver espiritual.
A ressurreição geral
A expressão ressureição geral refere-se á crença comumente sustentada na igreja de que na segunda vinda de Cristo todos os mortos, justos e injustos, se levantaram ao mesmo tempo, sendo imediatamente levados ao juízo. O nosso próprio crede declara esta crença na seguinte expressão: “Cremos na ressureição dos mortos: que tanto os corpos dos justos como dos injustos serão ressuscitados e unidos com seus espíritos – Os que tiverem feito bem, sairão para ressureição da vida; e os que tiveram feito o mal para a ressurreição da condenação”. O ponto de visto de que a ressureição dos justos e dos maus é simultânea baseia-se na declaração do nosso Senhor que vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão (João 5:28-29).
Ainda que a ideia de uma ressureição simultânea dos justos e dos maus seja opinião geral tanto dos teólogos arminianos quanto dos reformados, alguns estudiosos da bíblia sustentam uma ressureição tanto dos justos como dos maus sem ver os dois eventos como simultâneos, isto é essencial ao conceito pré-milenial do segundo advento. Não podemos entrar nos argumentos detalhados que sustentam esse ponto de vista. Entretanto, um estudo das frases “dos” ou “dentre os mortos”, como são usados em passagens tais como Lucas 20:35-35, Marcos 12:25; Apocalipse 20:5-6; Atos 4:1-2e Filipenses 3:11, surge acentuadamente que as ressureições mencionadas são “dentre os mortos”. Isto equivale a dizer que parece estar estabelecida uma distinção entre a ressureição dos justos e a dos maus. Aqueles, como seguidores de Cristo, são considerados dignos da ressureição como êxodo da companhia dos mortos. É evidente que os que não fazem esta distinção entre as duas ressureições devem manter posição pós-milenial ou simplesmente amilenial.