Escatologia: Milênio

Escatologia Parte 4 – 22/02/22

Milênio

Os cristãos tem discutido sobre a interpretação adequada do livro de Apocalipse por dois mil anos, com toda a seriedade necessária. Mas, toda essa discussão levou alguns cristãos a adotarem desesperadamente uma posição que eles chamam de pan-milenismo (nós não sabemos qual visão do milênio está correta, mas sabemos que tudo vai ficar bem no final). A palavra milênio se refere aos “mil anos” mencionados em Apocalipse 20; por esse capítulo é encontrado em um dos livros mais difíceis do Novo Testamento, sua interpretação adequada é polêmica. Como resultado, existem quatro visões principais do milênio defendidas na igreja hoje: pré-milenismo histórico, pré-milenismo dispensacionalista, amilenismo e pós-milenismo. Os prefixos pré- e pós- antes da palavra milênio se referem ao momento da segunda vinda de Cristo em relação ao próprio milênio. O termo pré-milenismo se refere à crença de que a Segunda Vinda ocorrerá antes do milênio; o termo pós-milenismo crê que a Segunda Vinda ocorrerá após o milênio. O amilenismo é uma versão do pós-milenismo nesse sentido, porque os amilenistas creem que a segunda vinda de Cristo ocorrerá após o milênio. Há outras diferenças que distinguem os amilenistas dos pós-milenistas, fato é que o entendimento de quais propostas cada uma dessas visões tem ensinado historicamente fornece um contexto útil para atuais discussões sobre Apocalipse 20.

Pré-milenismo Histórico

O pré-milenismo histórico ensina que no fim do presente século haverá uma grande tribulação seguida pela segunda vinda de Cristo. Nesse evento, o Anticristo será julgado, os justos serão ressuscitados, Satanás será preso e Cristo estabelecerá o seu reino na terra, o que durará mil anos e será um tempo de bênção sem precedentes para a igreja. No fim do milênio, Satanás será solto e instigará uma rebelião, que rapidamente será subjugada; nesse momento, os injustos serão ressuscitados para o julgamento, e o estado eterno terá início. O pré-milenismo histórico teve seus precursores na igreja, aproximadamente desde o século II d.C. em diante; foi ensinado, por exemplo, por Irineu de Lyon (130-202 d.C.) e Justino Mártir (100-165 d.C.), e pode ter sido ensinado no final do século I (d.C.) por Papias de Hierápolis (80-155 d.C.). Alguns dentro da tradição reformada, como James Montgomery Boice, ensinaram essa visão também, mas o mais notável precursor do pré-milenismo histórico no século XX foi George Eldon Ladd, cujos comentários sobre o livro de Apocalipse argumentam fortemente em favor dessa posição.

Pré-milenismo Dispensacionalista

O pré-milenismo dispensacionalista oferece a mais complexa cronologia do fim dos tempos. De acordo com o dispensacionalismo, o presente século terminará com o arrebatamento da igreja, que, junto com a aparição do Anticristo, marca o início dos sete anos da grande tribulação na terra. Esse período terminará com a batalha do Armagedom e no meio dela Cristo retornará para destruir os seus inimigos, reunindo as nações para o julgamento. Aqueles que apoiaram Israel entrarão no reino milenar de Cristo, e o resto será lançado no Hades para aguardar o último julgamento. Cristo sentará no trono de Davi e governará o mundo a partir de Jerusalém; Israel receberá lugar de honra entre as nações novamente e o templo terá sido reconstruído; os sacrifícios no templo serão instituídos novamente, mas como sacrifícios memoriais. No fim do milênio, Satanás será solto e liderará os incrédulos em rebelião contra Cristo e a Nova Jerusalém, essa rebelião será subjugada através de fogo dos céus, e Satanás será lançado no lago de fogo; os perversos serão trazidos diante do Grande Trono Branco, julgados e lançados no lago de fogo, e nesse ponto começará o estado eterno.

A versão dispensacionalista foi originada no século XIX dentro do Movimento Brethren. Suas características aparecem pela primeira vez nos escritos de John Nelson Darby (1800-1882). O pré-milenismo dispensacionalista se popularizou rapidamente nos Estados Unidos através do movimento chamado de Bible Conference Movement, por meio de C.I. Scofield nas notas de sua Bíblia de referência e sistematizado por Lewis Sperry Chafer, o fundador do Dallas Theological Seminary e autor de um texto de teologia sistemática dispensacionalista de oito volumes. No século XX, essa visão foi ensinada em um nível mais acadêmico por homens como John Walvoord, Charles Ryrie e J. Dwight Pentecost, e foi popularizado por escritores como Hal Lindsey e Tim LaHaye.

Pós-milenismo

O pós-milenismo ensina que os “mil anos” de Apocalipse 20 ocorrem antes da segunda vinda de Cristo. Até recentemente, a maioria dos pós-milenistas ensinavam que o milênio seriam os últimos mil anos do presente século. Hoje, muitos pós-milenistas ensinam que a era do milênio é todo o período entre o primeiro e o segundo advento de Cristo. Como veremos, isso significa que versões contemporâneas do pós-milenismo são muito próximas em muitas maneiras ao amilenismo contemporâneo. A principal diferença entre os dois não é tanto o momento do milênio, mas a natureza do milênio, pois o pós-milenismo ensina que no século XXI, o Espírito Santo atrairá multidões sem precedentes para Cristo por meio da fiel pregação do evangelho, e entre as multidões que serão convertidas estão os israelitas étnicos que, até então, rejeitaram o Messias. No fim do presente século, Cristo retornará, haverá uma ressurreição geral dos justos e injustos, e o julgamento final acontecerá.

O pós-milenismo foi defendido amplamente entre os puritanos, e foi também foi a visão dominante entre teólogos reformados dos séculos XVIII e XIX; entre seus precursores estão Jonathan Edwards, Charles Hodge, James Henley Thornwell, A.A. Hodge e B.B. Warfield. Porque os liberais adotaram uma versão humanista dessa escatologia, o pós-milenismo sofreu um declínio no século XX, mas tem ressurgido nos últimos vinte ou trinta anos. Livros que apoiam essa visão foram publicados por homens como Loraine Boettner, J. Marcellus Kik, Kenneth Gentry e John Jefferson Davis.

Amilenismo

O amilenismo vê Apocalipse 20 como uma descrição do reino de Cristo com os santos ao longo de todo o século XXI. Alguns amilenistas enfatizam o reino de Cristo com os santos nos céus, enquanto outros ensinam que esse reino também está conectado com a igreja militante aqui na terra. Amilenistas tendem a argumentar que o crescimento do reino de Cristo possui poucas, se é que possui, manifestações visíveis, com foco no sofrimento pelo qual Cristo indicou que a igreja passaria. De acordo com o amilenismo, o presente século milenar, que é caracterizado pelo sofrimento, será seguido pela segunda vinda de Cristo, a ressurreição geral, o último julgamento e os novos céus e nova terra.

O amilenismo também tem sua origem na igreja primitiva, com Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), que ensinou uma versão do amilenismo que influenciou a igreja da Idade Média até a Reforma Protestante. Dentro da tradição reformada, a versão contemporânea do amilenismo começou a se distinguir das antigas formas de pós-milenismo no final do século XIX e início do século XX. O teólogo do século XIX Herman Bavinck, por exemplo, foi um convicto precursor do amilenismo. No século XX, a visão foi ensinada por teólogos como Geerhardus Vos, Louis Berkhof, Anthony Hoekema, Cornelis Venema, Kim Riddlebarger e Sam Storms. Alguns amilenistas contemporâneos não gostam do termo amilenismo porque o prefixo a- significa “não” ou “sem”, então amilenismo significa literalmente “sem milênio”. Um amilenista, Jay Adams, sugeriu o termo “milenismo realizado” no lugar.

Conclusão

As versões de pós-milenismo que reconhecem o milênio como sendo um símbolo de todo o século XXI diferem em apenas poucos aspectos do amilenismo. Pré-milenistas, como George Ladd, que entendem que o reino de Cristo já foi inaugurado em conexão com os eventos do primeiro advento de Cristo estão mais próximos do que podemos perceber dessas formas de pós-milenismo e amilenismo. Todos nós deveríamos separar um tempo para entender as visões daqueles de quem discordamos e entender os argumentos bíblicos que eles utilizam, podemos ainda assim não concordar, pois há muito mais trabalho exegético a ser feito antes que qualquer esperança de um consenso seja possível, mas deveria nos encorajar o fato do trabalho estar sendo feito por teólogos bíblicos e sistemáticos. Apesar das discordâncias remanescentes, podemos nos alegrar com o fato de que todos concordamos que Jesus está vivo e que foi dada a ele toda autoridade a Ele nos céus e na Terra.

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