Escatologia Parte 3 – 15/02/22
A Segunda Vinda e as Teorias sobre o Milênio
O retorno pessoal de Jesus Cristo foi cedo associado à ideia de um milênio ou de um reinado de Cristo sobre a terra por um período de mil anos. Os que abraçaram essa doutrina foram conhecidos como quiliastas. Desde a morte dos apóstolos até o tempo de Origenes, para os quiliasmo ou premilenismo foi a fé dominante na Igreja. Esta doutrina assegurava que as Escrituras nos ensinam a esperar um milênio ou num reino universal da justiça sobre a terra, e que esta época milenial será introduzida pelo regresso pessoal e visível do nosso Senhor Jesus Cristo. Contudo, no começo do século V, Agostinho decidiu o destino do quiliasmo por número considerável de séculos ao ensinar que a Igreja era o reino de Deus sobre a terra. Tais questões tornaram-se insignificantes quando a Igreja ganhou a proteção do estado e as doutrinas do quiliasmos não receberam mais proeminência até o tempo da Reforma.
Somente breve menção pode ser aqui feita dos vários tipos do milenismo que tem sido ensinado desde que o século XVI renasceu o interesse sobre o assunto. Para convivência de analise podem ser divididos em dois grupos: as teorias literalistas e as teorias espiritualistas. Aquelas abrangem em geral as teorias pré-milenistas de todos os tipos. Podem ser agrupadas em dois grupos gerais. Primeiro a aquelas que consideram a Igreja como completa e, portanto, identificam para que se refere ao tempo, a segunda vinda de Cristo com o arrebatamento e a revelação, a primeira ressureição e a conflagração, citando todos esses ventos antes do milênio.
Esta opinião é considerada comumente como uma teoria adventista. Segundo, a aquelas teorias pré-milenbistas que consideram a igreja como incompleta como da segunda vinda. Estas teorias separam o arrebatamento e a revelação por um lado, e a conflagração por outro, colocando o milênio entre esses dois pontos finais. Tem sido frequentemente chamada a teoria de Keswick. A objeção principal a este tipo de pré-milenismo centraliza-se em grande parte na ênfase na continuidade na obra de salvação durante o milênio. O fundamento desta objeção encontra-se naquelas passagens que possam indicar que quando Cristo vier cessara a intercessão e começara o julgamento (Hb 7:28; 9:12, 24-28). Sustentam alguns que “quando o advento chegar à intercessão terminara; terminando esta, cessará também a salvação. Quando Cristo parecer pela segunda vez a nós, deixara de se apresentar diante de Deus por nós”.
As teorias espiritualistas do milênio são de dois tipos. Os católicos romanos sustentem uma doutrina que é essencialmente à mantida por santo Agostinho isto é que o reino de Cristo se refere a época da igreja e a todo o período de tempo entre o primeiro e segundo adventos de Cristo.
O milênio identifica-se assim como toda a dispensação do evangelho. O segundo tipo de teoria espiritualista é conhecido comumente como pós-milenismo. É assim chamado por que ensina que o segundo advento segue e não antecede o milênio. Com referência ao retorno visível e pessoal do nosso Senhor os pós-milenistas afirmam-no com tanto empenho e atribuem-lhe tanta importância como os pré-milenistas. O milênio é considerado como um reino de justiça no futuro. Neste período a igreja florescera e triunfara por mil anos. O mundo gozara de bem-aventurança paradisíaca enquanto os mártires e os santos no céu simpatizarão com a sua alegria. O triunfo na terra será universal. Do que se disse é evidente que o pré-milenismo e o pós-milenismo representam extremos opostos de pensamento e o método de consideração totalmente diferente. O milênio como os pós-milenistas o concede, é a ideia de que florescer da igreja – um tempo em que a justiça reina e a paz se estendera através de todo o mundo. Esta condição será o resultado dos métodos presentes de evangelização, a que se adicionará “a prisão de Satanás” ou os juízos restritivos de Deus. Ainda que os justos estejam em ascendência o milênio é, com tudo, uma condição mista de santos e pecadores – todos na carne. Salienta-se aqui uma passagem Ap 20:1-11, que tem sido interpretada de diferentes maneiras pelos pré-milenistas e pós-milenistas. Estes interpretam a declaração apocalíptica como meramente simbólica ou figurada, de maneira que o reino de Cristo é considerado como puramente espiritual além disso, a primeira ressureição é tida como espiritual e a segunda como sendo literal, física. Os pré-milenistas, por outro lado, interpretam que esta passagem em amos os pontos, no sentido literal.
É útil recordar-se que o milênio é um período de transição entre a ordem temporal presente e a ordem eterna vindoura, é a esse duplo aspecto que se deva tanta confusão, sendo um período de transição, o milênio aponta em ambas as direções e une em si mesmo duas ordens totalmente diferentes. Marca a transição do natural para o espiritual, do temporal para o eterno, do imanente para o transcendente e da graça para gloria.
O primeiro e o Segundo advento de Cristo
Há certos pontos interessantes de contraste entre o primeiro e o segundo adventos de Cristo que merecem ser estudados. No primeiro advento Ele veio como um servo que ministra; no segundo se assentará no trono da sua gloria; e todas as nações serão reunidas em tua presença. (Mt 25:31-32). O seu primeiro advento foi em humilhação. Foi desprezado rejeitado pelos homens (Is 53:3; Jo 1:11) Mas na segunda vinda será governada pela lei da exaltação e não da humilhação. O seu segundo advento será, portanto, marcado pelo fato de que o povo se levantara com gozo e sairá ao Seu encontro no ar, e com a companhia inumerável de anjos formando cortejo glorioso do Noivo o Seu regresso a terra. A finalidade do primeiro avento foi a libertação do homem da culpa, do poder e da condição do pecado por meio do Seu sacrifício sacerdotal pelo pecado. O Segundo será para remover as consequências do pecado por meio e “toda autoridade” que Lhe foi dada como nosso glorioso Rei.
A ordem dos eventos do dia do Senhor
De acordo com a lei de reserva profética, há o suficiente nas escrituras para proporcionar a igreja uma esperança gloriosa; mas os eventos do futuro jamais poderão ser completamente desvendados até que a profecia a se faça história e os contemplemos com clareza na sua relação histórica. O nosso proposito em considerar a ordem dos eventos do dia do Senhor não é de falar com tal grau de dogmatismo que leve a excluir os pensamentos sinceros dos estudantes da bíblia que afirmam posições diferentes. Tornou-se já evidente ao leitor que há grande variedade de opiniões referentes a estes assuntos. O material que apresentamos é mais sugestivo do que dogmático e esperamos que sirva para estimular o leitor o estudo e a investigação posteriores.
O Arrebatamento e a revelação
A segunda vinda de Cristo é o evento inaugural do dia do Senhor. Será acompanhada pela ressureição dos jutos e pelo arrebatamento dos vivos, sendo ambos os grupos dos santos arrebatados nas nuvens ao encontro do Senhor. Faz-se aqui distinção entre o arrebatamento e a revelação. O arrebatamento consiste na elevação do povo de Deus a reunião nos ares. A revelação é o retorno de Cristo a terra acompanhada pelo cortejo de santos e anjos. Com respeito a relação do arrebatamento e a revelação a opiniões variadas. Alguns identificam-nas afirmando que quando Ele vier todo olho o vera, os santos levantar-se-ão em gozo para recebe-lo e todas as tribos da terra e lamentarão sobre Ele (Ap 1:7).
Outros estabelecem separação entre o arrebatamento e a revelação, sustentando que o arrebatamento é secreto e concedido só pelos santos; que somente a revelação é visível ao mundo.
Com referência ao tempo entre os dois, a maioria dos escritores sustenta que será um período de três ano e meio. Durante este período os santos assistirão a ceia das bodas do cordeiro nos lugares celestiais, ao passo que a terra passara por um período de tribulação sem paralelo, ocasião em que o Anticristo assumirá autoridade total. O fato geral arrebatamento e da revelação é claramente bíblico, os detalhes já mencionados deve ser assunto de opinião individual.
O julgamento de investigação
Imediatamente após o regresso de Cristo começara o julgamento de investigação. Para isto temos as próprias declarações do nosso Senhor em Mt 25:31-34; 19:28. Que este julgamento se relaciona com a nações vivas no tempo da segunda vinda é evidente da Sua parábola do semeador (Mt 13:41-43). Os pós-milenistas identificam o julgamento descrito em Mateus 25:31-46 como o julgamento geral do ultimo dia. Alguns pré-milenistas fazem o mesmo, ao passo que os outros o aplicam, tal como disse acima, as nações existentes sobre a terra no tempo da segunda vinda de Cristo.
A destruição dos ímpios
Estreitamente relacionada como o julgamento de investigação encontra-se a destruição dos ímpios. Em acréscimo as passagens anteriormente citadas, Paulo dá-nos a seguinte declaração em 2Tess 1:7-10.
A queda do Anticristo e a prisão de satanás
Incluído na destruição dos impios no tempo do segundo advento está o anticristo, a quem Paulo chama “o iníquo” em 2Tess 2:8-9. Satanás também há de ser preso, Ap 20:3.
O Estabelecimento do Reino
A igreja militante, no seu pleno sentido neotestamentário, começou com o dia de Pentecostes e será triunfante com o arrebatamento dos santos na vinda do Senhor. A igreja, em algum sentido será identificada como reino. Num sentido místico, o reino Deus está dentro de vós (Lc17:21). Nesse sentido estamos agora no reino de Deus o Espirito Santo. O reino de Deus o Filho sucedera a este, quando o reino místico encontrar expressão na gloria externa. Jesus, havendo vencido o mundo, encontra-se sentado no trono do Seu Pai esperando o tempo em que voltará e assentará no trono da Sua gloria ( Mt 25:31).
A regeneração da terra
É um fato significativo que o nosso Senhor associa a regeneração ao Seu reino vindouro Mt 19:28. Esta declaração é muito sugestiva quando consideramos que a regeneração, no sentido de “um nascimento do alto” representa os resultados espirituais que vem da graça de Deus; e que a que se refere a redenção divina da terra que, ao aparecer o nossos Senhor certamente será liberta da corrupção At 3:19-21. Assim a maldição do pecado será retirada da terra. Resultarão muitas transformações cuja natureza não pode ser plenamente conhecida, mas o profeta Isaías tem sugerido muitos aspectos interessantes desta restauração. Entre tais inovações encontram-se: uma incrementada fertilidade da terra Is 55:13, com granes porções da terá ate agora desabitadas tornando-se habitações e beleza e gloria (Is 35:1, 2, 6, 7); uma restauração milagrosa de animais silvestres aos seus instintos normais (Is 65:20-23); e certa possíveis transformações nos céus astronômicos, na sua relação com a terra (Is 30:26). As passagens que acabamos de citar estão cheias de intensos significados espirituais e tem sido fonte de gozo e fortaleza para multidões do povo santo de Deus. Com quanto seja isto verdadeiro não proíbe necessariamente a convicção do seu cumprimento literal; e nem lhe distrai do seu sentido espiritual, mas antes aumenta.
A consumação final
A consumação final ou destruição do mundo marca o período transicional introduz os novos céus e a nova terra da ordem eterna. É o evento final do “dia do Senhor”. Assim como no princípio deste período se encontra o arrebatamento com a sua ressureição dos jutos e a transladação dos santos vivos, seguido pelo julgamento das nações vivas, da mesma forma o dia encerrasse com uma apostasia que se segue ao reinado de mil anos, a ressureição dos ímpios mortos, a destruição dos céus e da terra pelo fogo e o juízo final com as suas recompensas e castigos. São Pedro descreve das seguintes palavras o processo pelo qual a terra será renovada (2Pd 3:7), em 2Pedro 3:7, 3:10 e 3:12 ainda se acrescenta mais.
Pedro não pretende ensinar nessa passagem a aniquilação do mundo pelo seu batismo de fogo. Antes, a palavra “desfeito” indica a ideia de libertar o mundo da escravidão, da corrupção, de maneira que venha a ser o que originalmente lhe foi pretendido ser. Da mesma forma que o corpo do homem se desfaz pela morte e se torna sujeito a decomposição, de que se levantara em gloria e poder imortal e incorruptível, assim esta a terra como habitação do homem, será desfeita, mas depois aparecera numa ressureição comparável, os novos céus e a nova terra onde habita a justiça (2Pd 3:13 e 1Cor15:24-28)