Discipulado – Um projeto para a vida.
12 – Discípulo, um profeta.
1 – Os profetas no Antigo Testamento
Profeta é uma pessoa chamada, tanto para entregar o recado da parte de Deus aos homens, quanto para falar em nome de Deus, isto é, como se Deus mesmo estivesse falando. Não se trata de um mágico com o poder de manipular as “forças sobrenaturais”, ou prever o futuro, ou operar um prodígio. Pelo contrário, o profeta nada mais é do que alguém escolhido, habilitado e impulsionado por Deus, independente da própria capacidade ou vontade.
O A.T nos fala de muitos tipos de profetas, os quais agiram em diferentes épocas e com ministérios variados. Alguns fizeram muitos milagres, sinais e prodígios. Uns tiveram visões apocalípticas e catastróficas; enquanto outros abordaram apenas problemas contemporâneos. Alguns anunciaram por meio de pregação a vinda do Messias; outros previram a chegada de falsos profetas. Alguns profetizaram por longos anos; outros só tiveram uma breve aparição no cenário bíblico. Alguns se tornaram escritores; enquanto outros nem chegaram a ler tais profecias.
A obra de Deus nunca é rotineira ou previsível; é sempre surpreendente e inesperada, porque a riqueza do Senhor nos é revelada de muitas maneiras diferentes (Ef 3.10). Quanto mais você procura conhecer ao Senhor, mais Ele lhe surpreende.
Podemos classificar a mensagem profética dos que escreveram livros do AT. de duas maneiras.
1.1 – Primeira Classificação
- Profecias condenatórias – Anunciando juízo divino contra incredulidade e iniquidade do povo. Tais profecias quase sempre vinham acompanhadas de promessas de restauração, depois de um período de provação (Jr 2.13; 20.8; Ez 24.21-24).
- Profecias messiânicas – Estas incluem o Redentor vindouro de Israel e do mundo. Entre estes se destaca Isaías (52.13; 53.12) e Miqueias (5.2).
- Profecias escatológicas – Estas se referem aos últimos dias, quando o Reino de Deus será estabelecido sobre a Terra (Zc 14.5-17; Ap 2.26-27; 12.5-6).
1.2 – Segunda Classificação
- Profecias já cumpridas – Por exemplo: ” a deportação do reino do norte pelos assírios em 722 a.C.” anunciada pelos profetas Oseias, Amós e Miqueias; o “exílio da tribo de Judá na Babilônia”, previsto por Isaías, Jeremias e Ezequiel; a “chegada do Messias”, profetizada por Isaías, Miqueias e outros (Am 2.4-5; Jr 29.10).
- Profecias em andamento – Por exemplo: “a restauração do Estado moderno de Israel em 15 de maio de 1948”, antevista por Isaías, Jeremias e Ezequiel (Jr 31.31; Is 27.12-13; Ez 37.21).
- Profecias ainda não cumpridas – Quatro exemplos podem ser citados: (1) recuperação total da Palestina por todas as tribos de Israel (Is 27.12-13; Jr 31.1-5,31); (2) destruição dos inimigos de Israel (Is 17.1-3; Ez 38.1-39.29); (3) conversão coletiva de Israel (Zc 14.4-5; 12.10); (4) estabelecimento do Reino de Deus na Terra.
Depois de quatro séculos de silêncio (entre Malaquias e Mateus), João Batista surgiu como o último profeta da antiga aliança e o precursor do Messias prometido, que é Jesus Cristo, o senhor (Mt 19.1 cf. Mt 3.7; Lc 3.16; Jo 1.23,29). Além de João Batista, o N.T. também se refere a um novo tipo de ministério profético, o qual seria estendido tanto a homens quanto a mulheres. E é aí que começa a entrar a nossa história – a história dos discípulos de Jesus.
2 – Os profetas do Novo Testamento
Quando Jesus disse que “entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista”, e ainda que “todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mt 11.11,13), queria ensinar que o fim daquela era profética do A.T. que anunciava a vinda do Messias tinha chegado, e que agora, uma nova época estava surgindo, na qual cada súdito do Reino de Deus seria considerado “maior” do que o profeta João Batista, porque eles se relacionariam pessoalmente com o Profeta de Deus, o Messias, Jesus Cristo.
Em comparação aos profetas citados no A.T., os nomes dos profetas cristãos do N.T. parecem ser bem poucos. No entanto, havia muitos e agiam no intuito de conduzir a igreja ao amadurecimento espiritual. Os mais citados são Ágapo (At 11.27,28; 21.10), Judas e Silas (At 15.30-32). Embora desconhecidos por nós, esses profetas foram pessoas poderosas e exerceram grande influência na igreja primitiva, falando com autoridade a palavra do Senhor ressurreto. Nas páginas do N.T. percebemos sua relevância e sua maneira de agir, e desse conhecimento podemos tirar muitos ensinamentos.
- Trabalhavam, quase sempre, de acordo com o contexto de uma igreja local (At 13.1-3).
- Juntamente com os apóstolos eram considerados como o alicerce sobre o qual a igreja fora edificada (Ef 2.20; 1Co 12.28-31; Ef 4.11).
- Conheciam bem as Escrituras (A.T.), de maneira que falavam usando uma linguagem bíblica (1Co 15.51,54,55 cf Is 25.8 e Os 13.14).
- O ministério deles era mais voltado ao ensino (At 13.1; Ap 2.20) do que à operação de milagres (1Co 12.28,29).
- Tinham o poder da predição, da revelação e do discernimento (At 11.27,28; 13.1,2).
- O ministério deles priorizava a edificação, o encorajamento e o consolo da comunidade cristão (1Co 14.3,4).
- O profeta do N.T. também era capaz de receber do Espírito Santo uma palavra vinda diretamente do Cristo ressurreto e exaltado (Jo 16.12-14; Ap 1.10-18; 4.1,2). Desta maneira, quando um profeta falava com tal autoridade, sua palavra passava a ser considerada como um mandamento do Senhor (1Co 14.29,30). Assim como as profecias no A.T., essa nova mensagem era uma comunicação direta da palavra de Deus (ou de Cristo) a Seu povo, mediante lábios humanos (Ap 16.15; 22.7).
3 – Os profetas nos dias atuais
Os profetas de hoje não vivenciam o mesmo ministério daqueles que atuaram no passado, seja no Antigo ou Novo Testamentos. Em primeiro lugar, os profetas da antiga aliança (A.T.), que preparam os corações dos hebreus para a chegada do Messias (Jesus Cristo), deixaram de existir com Sua chegada. Em segundo, porque os profetas do N.T., que ajudaram a edificar a igreja em seus primeiros passos e a lança as bases para a igreja que temos hoje, já não são necessários, uma vez que a Bíblia está completa. Mas Deus ainda escolhe homens e mulheres para ensinar elevadas verdades espirituais por meio das Escrituras, mesmo que tais ensinos não estejam claramente definidos nas páginas da Bíblia; e é nesse contexto que o dom profético encontra grande relevância.
O derramamento do Espirito Santo no dia de Pentecoste trouxe uma dinâmica na vida daqueles que creem e reconhecem o senhorio de Cristo sobre a sua vida. A promessa de Deus torna-se realidade na vida de todo aquele que recebe o Espirito de Deus, tornando-se uma “nova criatura”: “profetizarão” (At 2.17). Como membros do Corpo de Cristo, a igreja formada por todos os cristãos, e parte de uma igreja local, cada um de nós, os filhos de Deus, têm uma mensagem profética para os nossos dias. Nossa tarefa inclui apresentar a salvação em Jesus Cristo, proclamar o consolo em meio à dor e a todo tipo de sofrimento, pregar a justiça e a misericórdia entre as pessoas. Temos uma mensagem profética porque somos sal da terra e luz do mundo. Você e eu temos sempre uma mensagem de Deus para os homens, e isso acontece no lugar aonde estamos: nosso local de trabalho, entre nossos familiares, amigos, e assim por diante. Até mesmo dentro da igreja há espaço para os profetas atuais que zelam por santidade e fidelidade entre o povo de Deus.
Conclusão
Conhecemos nesta apostila profetas em diferentes épocas e situações. Há três característica comuns a todos eles: o chamado de Deus, o caráter fiel e a mensagem verdadeira. Da mesma maneira como os profetas do A.T., do N.T. ou da igreja primitiva, nós também devemos ouvir o chamado, desenvolver o caráter cristão e fielmente proclamar a todo mundo a mensagem que recebemos, o evangelho.