Discipulado – Um projeto para a vida.
13 – Discípulo, um sacerdote.
Você já se imaginou fazendo o papel de algum personagem muito famoso como Indiana Jones ou James Bond? Caso tivesse que fazer um filme representando um desses personagens você precisaria estudar seu temperamento, suas habilidades e sua cultura.
Isso é o que faremos com o sacerdote. No texto de 1Pedro 2.9, temos a declaração do apóstolo que somos sacerdócio real, ou seja, um reino de sacerdotes. O Apocalipse faz a mesma afirmação. Você deve ter lido esses textos nas leituras diárias.
Se você é um sacerdote precisa estudar o que ele era e como trabalhava e entender o que deve fazer como discípulo de Cristo, exercendo o sacerdócio real de Deus.
1 – O sacerdote no Antigo Testamento
Pedro, quando escreveu essa carta, teve à sua disposição o Antigo Testamento, no qual fundamentou seus ensinos e seus argumentos. Além disso, ele ouviu os ensinos de Jesus e conviveu com os apóstolos durante os anos iniciais da igreja no mundo, o que significa que podemos usar também alguns textos paralelos do Novo Testamento.
Nesta apostila, examinaremos alguns textos chaves para nosso estudo, iniciando pelo Antigo Testamento.
1.2 – No tempo dos patriarcas
Antes de Israel ser constituído como povo e nação, distribuído em 12 tribos, cada pai de família era considerado o sacerdote. Jó, que é um livro antigo (do tempo de Abraão), oferecia sacrifícios em favor de cada um de seus filhos (Jó 1.5); Noé quando saiu da arca também agiu como sacerdote de sua família, oferecendo a Deus sacrifício (Gn 8.20). Outros exemplos são Abraão (Gn 22), Jacó (Gn 31.54) e Jetro (Êx 18.12).
1.3 – No tempo de Moisés
Quando o povo de Israel saiu do Egito, Deus disse a Moisés que separaria uma tribo para servir como sacerdote no meio do povo, e a escolhida foi a de Levi (Nm 3.16-20). Deus deu a Moisés a instruções detalhadas a respeito de como os sacerdotes deveriam viver e agir.
Em Êxodo 28 e 29 estão registradas as instruções de Deus a cada sacerdote. O Senhor descreveu detalhadamente como deveriam ser suas vestimentas, e orientou Moisés quanto à cerimonia de consagração a cada um deles para o serviço. Arão foi escolhido para ser o sumo-sacerdote (título do sacerdote do mais alto nível), e seus filhos foram designados sacerdotes.
1.4 – No tempo de Eli e Samuel
Depois da morte de Moisés e de Josué, os sacerdotes exerceram grande influência na nação. Dois deles têm destaque na história bíblica: Eli e Samuel (1Sm 1-4). No tempo dos reis, os profetas aparecem com mais destaque, no entanto, alguns continuaram exercendo papéis relevantes na vida dos reis. Destacamos dois deles: Joiada e Hilquias.
1.5 – No tempo dos reis
Joiada foi responsável por salvar a vida de Joás. Sua mãe, Atalia, pretendia matar todos os filhos para assumir o trono. Porém a ama de um dos meninos (Joás) o escondeu. No momento apropriado, Joiada comandou um levante e depôs a rainha usurpadora, Atalia, colocando Joás no trono de Judá. Ele foi rei segundo o coração de Deus (2Rs 11).
Hilquias ajudou o rei Josias a promover uma reforma religiosa. Promoveu o retorno à prática da leitura da lei, o que levou ao povo uma vida de devoção e piedade. O rei sob conselho do sacerdote, destruiu os postes-ídolos, e lutou contra a idolatria do seu povo, fazendo-o voltar à adoração do Deus de Israel (2Rs 22).
1.6 – No tempo de Esdras
Esdras era um sacerdote exemplar. Quando o povo voltou do exílio, Esdras, em cooperação com seu amigo Neemias, cuidou do povo. Ele preocupou-se principalmente com a saúde espiritual do povo. Em Esdras 7.10 lemos a disposição desse sacerdote em buscar ao Senhor e também praticar e ensinar os mandamentos de Deus diante do povo. Em um dos grandes cultos que Esdras promoveu, explicou ao povo a palavra de Deus (Ne 8.2).
Observando esses fatos históricos, podemos definir algumas tarefas e funções dos sacerdotes:
- Ministravam a palavra – além de ensinar a Palavra, também incentivavam o povo a ler e obedecer a palavra de Deus.
- Ministravam no serviço do culto – atuavam em todas as cerimônias no templo, conduzindo os fiéis aos sacrifícios que cada ofertante deveria fazer.
- Atuavam como intercessores – eram os representantes do povo diante de Deus. Intercediam pelo perdão dos pecados do ofertante e da nação.
2 – Jesus, o Sumo Sacerdote
Como vimos anteriormente, Arão e seus filhos foram consagrados para o serviço a Deus, como sumo sacerdote e sacerdotes, respectivamente. (Lv 8). No Novo Testamento, no qual somos chamados de sacerdotes, Jesus é o nosso sumo sacerdote (Hb 8-10). Veja um breve resumo do sumo sacerdócio de Cristo.
- Ele entrou no verdadeiro Santos dos Santos, os céus. Os sumos sacerdotes terremos lidavam apenas com símbolos e sombras (Hb 4.14; 9.14).
- Ele ofereceu o sacrifício permanente, enquanto os outros ofereciam sacrifícios temporários. A expiação do sacrifício de Cristo foi verdadeiramente eficaz (Hb 9.13-10.18; 7.27).
- Ele é considerado o maior e mais elevado porque é Filho de Deus (Hb 7.28); Seu ministério é alicerçado em promessas mais claras e melhores (Hb 8.6).
- Ele é o mediador do Novo Pacto (Hb 8.6).
Podemos concluir que o sacerdócio de Cristo é superior ao do Antigo Testamento.
3 – O crente como sacerdote
Há algumas verdades que precisamos estudar a respeito do crente como sacerdote. Algumas delas refletem nosso estado e privilégio como sacerdotes do Deus Altíssimo. Outras indicam tarefas e deveres que são da nossa responsabilidade ao exercemos esta função.
3.1 – Como sacerdote, o crente tem acesso direto à presença do Pai
Lembre-se que no Antigo Testamento apenas os sacerdotes podiam entrar na Tenda do Tabernáculo para adorar a Deus. Os outros fiéis dependiam do ministério dos sacerdotes. Hoje, todos nos temos esse acesso liberado. Precisamos louvar a Deus, pois o nosso Sumo Sacerdote, que é perfeito, recebe todos os pedidos que Lhes apresentamos. Seu trabalho não está restringido ao perdão de pecados ni dia da expiação, uma vez por ano.
3.2 – O crente, como sacerdote, oferece um sacrifício muito melhor
Ele não oferece bois ou outros animais – não só bens materiais. Ele oferta a si mesmo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1-2). Essa oferta valiosa tem duas dimensões: a santificação, conforme o texto de Romanos no ensina, e também o serviço. Tal serviço é oferecido a Deus, mas em favor de outros (1Pe 4.10). Pedro nos ensina que como sacerdócio real, temos o mandamento de servir uns aos outros. Através do serviço, os irmãos podem perceber a graça de Deu, da qual somos despenseiros ou mordomos (Jo 3.16; Tg 1.27).
3.3 – O crente oferece um louvor superior, além do sacrifício da sua própria vida
O sacerdote no AT também oferecia uma oferta de louvor, feita com bolo de farinha ou então com as primícias da sua colheita (Lv 2.1-16; 6.14-23). O louvor do crente no NT é realizado com a vida toda e com os lábios (Hb 13.15). Isto é, não há data marcada nem local marcado para louvar ao Senhor. Todo dia, a todo tempo podemos apresentar a Deus louvor com nossas palavras e atitudes.
3.4 – O crente louva a Deus com os seus bens materiais
Temos um privilégio que os antigos sacerdotes não tinham: herança e bens. Os sacerdotes do AT não tinham terra e nem herança. No entanto, Deus nos dá esse presente para a Sua própria glória e honra (Rm 12.13; Gl 6.6-10; Tt 3.14; Hb 13.3,16; 3Jo 5-8). O sacrifício que o discípulo como sacerdote oferece é integral, ou seja, abrange todas as áreas da vida: o que temos e como somos.
3.5 – O crente é intercessor diante de Deus (1Tm 2.1 e Cl 4.12)
Paulo nos ensina bastante sobre o assunto. No texto de Timóteo, ele exorta bastante os crentes e recomenda insistentemente aos discípulos que gastassem de oração por todos os homens. O discípulo, segundo a Bíblia, tem uma grande agenda de oração. Se você acha que não pode orar pelo seu irmão porque não o conhece bem, Paulo nos dá em Colossenses, capítulo 1, uma lista de pedidos que podemos fazer por todos os irmãos. Você pode orar para que os irmãos conheçam a Deus e a sua vontade (Cl 1.9); para que deem bom testemunho e bom fruto (Cl 1.10); para que sejam fortes, perseverantes e alegres (Cl 1.11) e, por último, para que sejam gratos.
Conclusão
Finalmente, a maior lição que o discípulo aprende é que se sacerdote é um projeto integral de vida cristã. Consagramos a nós mesmo a Deus para Sua glória e serviço aos irmãos.
Nesse projeto empenhamos nosso ser, nossas atitudes, nossas palavras, nosso tempo, nossos bens e nossa oração.