Discipulado – Um projeto para a vida
04 – Discípulo, um semeador.
1 – O meu chamado: servir ao Senhor
Servir a Deus não é um castigo – é um privilégio! A Bíblia diz que quando nos dispomos a servir somos comparados a embaixadores: “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio” (2Co 5.20; também Ef 6.20). Mas, ao contrário dos diplomas de nossos dias, que gostam dos holofotes e cujos nomes estão sempre em evidência, aqueles que servem ao Senhor não estão em busca do reconhecimento, dos elogios ou do prestígio; buscam apenas fazer bem feito o trabalho para o qual foram designados, de tal forma que toda a honra e todo mérito (fruto de seu trabalho) sejam dados Àquele a quem estão servindo.
O nosso chamado é para servir ao Senhor como cooperadores: “lavoura de Deus” (1Co 3.9), e este serviço se resume em plantar a semente, que é a palavra de Deus, no coração das pessoas, usando como ferramenta a nossa comunicação, a nossa conduta, a nossa influência e as nossas orações. Nós plantamos, mas não por conta própria, pois a lavoura não é nossa, é do Senhor; portanto não devemos buscar a glória pessoal. Basta lembrar que na parábola do semeador a ênfase não foi o semeador, não foi sua aparência, nem sua experiencia, e nem tão pouco as suas realizações; o que Jesus enfatizou foi a semente e o solo. A missão do semeador foi, simplesmente, fazer com que o “solo” recebesse a boa “semente”. A qualidade e a quantidade da colheita dependerão do tipo de solo em que a semente cair. Portanto, o semeador não tem do que se gloriar.
Se aproveitarmos cada oportunidade que Deus colocar em nossa vida para compartilhar aquilo que cremos, no círculo dos nossos relacionamentos, seja na escola, no trabalho, na família, entre os amigos, etc., muitos corações estarão sendo cultivados para que se tornem propícios à palavra de Deus. Pode ser até que você nem chegue a ver os frutos da semente que plantou, mas com certeza eles serão colhidos por Deus, através de outras pessoas; como disse o apóstolo Paulo: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma causa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.6-7).
2 – A minha tarefa: compartilhar a Palavra
Em toda a história da igreja, desde seus primórdios, até sua rápida expansão (e a palavra de Deus mostra que assim será até a consumação dos séculos), uma única verdade explica o seu sucesso – a propagação da palavra de Deus. Não foram os métodos, não foram os homens, não foram os acontecimentos históricos. Foi tão somente a palavra de Deus, pela luz do evangelho que transformou essa incontável multidão de pecadores que hoje seguem a Jesus com um coração restaurado.
Somente a palavra de Deus tem esse poder; somente ela pode gerar vida (Tg 1.18); salvar os corações que a acolhem (Tg 1.21); desfazer a corrupção impregnada no íntimo de algumas pessoas (1Pe 1.23), tem poder de libertar os escravos da mentira (Jo 8.32); só ele produz fé naqueles que a ouvem com o coração aberto (Rm 10.17); somente a palavra de Deus está apta à presença de Deus (Jo 6.44-45) (embora Deus também use outros meios para atrair as pessoas). Por isso, se temos que compartilhar ou ressaltar alguma coisa para que os homens se aproximem de Deus, que ensinemos tão somente as Sagradas Escrituras.
2.1 – Substituir a semente de Deus
Infelizmente muitos “semeadores” dos nossos dias estão (por conta própria) optando pelo plantio de “sementes levemente modificadas”. Mas este problema não é novo. O apóstolo Paulo menciona em 2Coríntios 2.17alguns que estavam “mercadejando a palavra de Deus.” O verbo “mercadejar” significa “trocar comercialmente”, “mascatear”. Em Isaías 1.22 é usado para aqueles que misturam vinho com água afim de enganar os compradores. Também era o termo para um comerciante de vinho que, para se livrar de um mau estoque, adulterava a mercadoria. Os caixeiros viajantes com frequência enganavam seus fregueses. Por isso é que Paulo usou a expressão “falamos com sinceridade”, porque a sinceridade do apóstolo contrasta com a falsidade de outros (2Co 2.17). Se na época de Paulo já existiam “tantos outros”, imagina hoje em dia!
Muitos alteram a semente (Palavra) em sua composição original, crendo que com tal mudança obterão melhores resultados do que com o uso convencional da “semente de Deus”. Sabemos que há muitos métodos que Deus usa para a apresentação do evangelho de Jesus Cristo. Todavia, precisamos tomar cuidado para que a forma não afete, não adultere o conteúdo. Daí existirem tantas igrejas que experimentam “novos métodos” de evangelização, mas que não pregam a Jesus Cristo, e este crucificado (1Co 2.1-5).
2.2 – Desprezar um terreno
Não cabe a nós avaliar se um terreno potencial ou não, isto é, se vale ou não vale a pena compartilhar a nossa fé com alguém, cujo coração parece ser infértil, pois a verdade é que para Deus não existe terreno improdutivo. Assim como faz um bom agricultor, Deus pode quebrantar a dureza, retirar as pedras e remover espinhos de um coração “imprestável” e transformá-lo em terra boa… coração aberto e produtivo, como fez com Onésimo que antes era “inútil”, mas com Cristo se tornou “servo útil” (Fm 11). Devemos também utilizar a criatividade que Deus nos deu e criar oportunidades para levar as palavras de salvação ao perdido.
O fruto que cada um produz depende não somente da maneira como recebe a palavra de Deus, mas como reage a ela. Aquele que não se contenta apenas com o ouvir, mas também quer ler, meditar e praticar os seus ensinamentos, esse tem tudo para se tornar muito produtivo. A Palavra deve achar guarida em nosso coração (Cl 3.16), para que possa começar a germinar e produzir seus frutos (Tg 1.21).
3 – A minha lavoura: Todo lugar
Na parábola de Jesus aprendemos que as diferentes reações que as pessoas demonstram ao ouvir a Palavra têm a ver com a condição e com a situação do coração delas, de seus interesses e de suas experiências de vida.
- Alguns demonstrarão ter mente influenciada maciçamente pelos conceitos mundanos, o que torna o coração deles não receptivos à Palavra.
- Outros, apesar de demostrar uma certa receptividade à palavra de Deus, ainda guardam pedras camufladas, submersas (Jd 12); as pedras da incredulidade e do pecado, as quais obstruem o desenvolvimento da santa semente que foi plantada no coração deles, conduzindo-os a uma espiritualidade superficial.
- Há também aqueles que olham tanto para a luz quanto para as trevas; gente em cujo coração cresce tanto o “trigo” quanto o “joio”; de tal forma que um acaba aniquilando o outro e, por fim, nenhum fruto há que se compense colher.
- Quando o coração for aberto e compatível com aquilo que Deus quer implantar em nós; quando os efeitos da “semente” forem mais desejados que nossas próprias conquistas, quando forem maiores que a nossa dúvida, mais valorizadas que as nossas ambições; então, certamente haverá uma boa safra a ser colhida nesse coração.
Conclusão
Ser discípulo de Cristo é, portanto, muito mais do que ser apenas um ouvinte. Ser discípulo é ser aprendiz, praticante e imitador. Se você é discípulo de Cristo, saiba que também foi chamado para ser “semeador”; alguém que sabe criar e aproveitar as oportunidades, que sabe manejar bem a palavra de Deus e que tem a disposição de testemunhar a qualquer um, mesmo que pareça desperdício. A Palavra é poderosa o suficiente para germinar em qualquer lugar. Quanto a você, basta crer e lançar as sementes que Deus lhe deu.