Discipulado – Um projeto para a vida.
15 – Discípulo, um discipulador.
1 – Que é o discipulado?
Apresentamos a definição de Waylon Moore (Integração segundo o Novo Testamento, JUERP) como mais completa para discipulado: “Discipulado é o processo de tomar criancinhas espirituais, edecá-las a um estado de maturidade e adulta comunhão com Cristo e de serviço eficiente a igreja”.
Dividindo o conceito em partes e procurando entendê-lo melhor, será mais produtivo nosso aprendizado.
1.1 – Discipulado é um processo
Isto sugere uma caminhada; uma sugestão de acontecimentos, de eventos e de fatos. Não é algo instantâneo e imediato. Discipulado não é uma boa aula, um episódio isolado. Envolve mais tempo, mais horas, mais dias, mais meses, mais esforço, mais gastos, mais compromissos… mais… mais.
1.2 – Discipulado é o processo de tomar criancinhas espirituais
Ninguém nasce maduro, nem física nem espiritualmente. Crianças espirituais não são apenas os novos convertidos, também os que estão há anos na fé cristã, mas ainda estão se alimentando de leite (Hb 5.13).
1.3 – Discipulado é o processo de educar
Educar é mais que transmitir conhecimento, é ensinar ao outro como aprender. Interessante notar que o verbo “educar” tem sua raiz no latim educare: “criar, amamentar”. Mas também significa “levar para fora”, sentido de “conduzir de um estado a outro, modificar”. Diz-se que educação só acontece onde se consegue influenciar o curso da existência de alguém, onde se modela ou se molda a história de uma pessoa. “Educar é o processo de desenvolvimento integral do homem. Educar é preparar para a vida” (Filosofia da Educação, Maria Lúcia de Arruda Aranha, Editora Moderna, p.51). Pergunte a si mesmo se mesmo se o seu discipulado está fazendo isto, porque em 2Timóteo 3.16 o apóstolo afirmou que toda Escritura é útil para a educação na justiça.
1.4 – Discipulado é o processo de levar crianças espirituais a um estado de maturidade
Maturidade é um conceito amplo e, muitas vezes, abstrato. Sabemos que maturidade vem do verbo “maturar” que significa “amadurecer”. Mas como se mede a maturidade de alguém? Vamos sugerir uma resposta e não a única resposta. Hebreus 5.14 sustenta que uma característica da maturidade cristã é a capacidade para “discernir tanto o bem quanto o mal” (NVI). Um discípulo de Cristo que não consegue distinguir o amargo do doce, o certo do errado, a luz das trevas, e o verdadeiro do falso, ainda não amadureceu.
1.5 – Discipulado é o processo de levar crianças espirituais a uma adulta comunhão com Cristo
Este era o principal alvo do apóstolo Paulo (Cl 1.28). Usamos “alvo pessoal” porque era o que ele buscava para si mesmo, e não para seu ministério ou igrejas. Ele confirma isto em Filipenses 3.8. “Sim, considero tudo como perda,por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor: por amor do qual, perdi todas as coisas e as considero como refúgio (“esterco” – NVI), para ganhar a Cristo”. Este versículo também poderia ser traduzido assim: “Para mim, aquilo que tem mais valor, a verdadeira grandeza é conhecer completamente Cristo Jesus, o meu Senhor”. É conhecimento de quem ama e sabe que é amado. O alvo principal do discipulado deve ser este: levar o discípulo a uma íntima comunhão com seu Mestre e Senhor. Não apenas encher a mente do discípulo de informação e referência bíblicas, mas do conhecimento da Pessoa de Jesus Cristo.
1.6 – Discipulado é o processo de levar crianças espirituais ao serviço eficiente na igreja
Em 2Timótio 3.17 está escrito que a Escritura é útil para aperfeiçoar e habilitar o homem de Deus para toda boa obra. O termo “perfeito” neste versículo fala do “estado de estar equipado para uma tarefa delegada.” Os filhos de Deus são chamados para crer e servir. E este serviço, como todo outro,requer preparo, e o discipulado deve ser este caminho que leva alguém ao serviço eficiente na igreja.
Tendo como base esta definição de discipulado, agora podemos caminhar para a importância e a prática.
2 – A importância do discipulado
2.1 – Jesus como Discipulador
a. A pergunta que vale ouro. A famosa pergunta: “Se você tivesse três anos de vida, o que faria?” – ainda vale ouro. Jesus Cristo sabia que tinha três anos de ministério, (normalmente este tempo é calculado com base nas três Páscoas mencionadas no evangelho de João durante o ministério de Jesus – Jo 2.13; 6.4; 11.55), então, o que o Senhor Jesus fez? David Kornfield responde: “Ele tinha um ministério público e um particular. No público, Ele ensinava as multidões; no particular, Ele fazia discípulos” (Ultrapassando Barreiras, vol.2, p.72). Está evidente divisão na filosofia do ministério de Jesus comprova a importância que Ele deu ao fazer discípulos.
b. O coração da Grande Comissão. Em Mateus 28.18-20 quatro grandes verbos se destacam entre outros: “Ir, Fazer, Batizar e Ensinar”. Destes, somente um está no modo imperativo: “fazer”. Por isso é que Kornfield afirma que “fazei discípulos” é o coração da grande comissão. Alguém afirmou, “se você quer somar, invista em pessoas; mas se você quer multiplicar, invista em líderes.”
2.2 – O Discipulado e o recém-nascido
a. Nasceu! E agora? Todos se alegram e fazem festa quando nasce um bebê. Mas quem vai fazer o trabalho de neonatologia (ramo da medicina que se ocupa do diagnóstico e tratamento de doenças de recém nascido) espiritual?
b. A importância dos primeiro cuidados
(1) O ambiente do recém-nascido. Nos esquecemos que aquele que está entregando a vida nas mãos de Jesus Cristo mora em um lugar, convive com pessoas e, por isso, vai começar a enfrentar novos conflitos. Muitas vezes os novos convertidos vivem em suas casas um clima e um ambiente totalmente diferentes do que encontram na igreja. A igreja é paz, enquanto que o lar é só guerra; a igreja é quente, o lar é muito frio; a igreja é harmonia e amor, mas no lar só experimenta desavenças e ódio.
(2) A vida mental do recém-nascido. A mente é a caixa de comando do corpo. Muitas coisas passam pela mente e muitas outras estão alojadas nos pensamentos. Alguns ao abraçar a fé evangélica têm, em suas mentes, muitas ideologias, filosofias, conceitos e valores que precisam ser mudados, pois estão em choque com a palavra de Deus. Outros passaram por seitas, ou aprenderam formas erradas de como agradar a Deus. Você está disposto a ser usado por Deus para desobstruir o entendimento desses jovens?
(3) O passado do recém-nascido. Diversas pessoas chegam para a igreja com muitas marcas do passado. São feridas, traumas, decepções, abusos e tantas outras experiências que deixam profundos sinais e síndromes, e estes geram temores e inseguranças que bloqueiam o crescimento espiritual das pessoas. Pode ter certeza que durante o processo de discipulado todas estas coisas vão aparecendo; vêm à superfície e precisam ser tratadas. Mas você pode dizer: “eu não me sinto capaz de tratar muitas destas coisas.” Não se preocupe. Basta você passar o caso para o pastor ou um líder mais experiente da igreja. O importante é que Deus usou sua vida no processo de cura.
O fato é que ninguém se converte num vácuo, num vazio. Todos nós chegamos a Cristo trazendo uma herança social, física, mental, emocional e espiritual. Uns com mais outros com menos problemas, mas todos trazem. E o discipulado é uma grande oportunidade para a Palavra e o Espírito de Deus produzirem saúde integral na vida do que está sendo discipulado. Por isso é que Waylon Moore afirma que são quatro as necessidades de um recém-convertido: amor, alimentação, proteção e ensino.
3 – A prática do discipulado
3.1 – Quem pode ser um discipulador?
Somente quem já é um discípulo de Cristo. Quer ter certeza que você é um discípulo de Jesus Cristo? Dentre muitas coisas, Keith Phillips (A formação de um discípulo, Editora Vida) afirma que o discípulo tem as seguintes marcas: (1) obediência a Deus, (2) submissão à Sua vontade, (3) desejo de conhecer intimamente a Deus, (4) fidelidade nos compromissos, (5) amor e preocupação com os outros, (6) tempo diário de oração, (7) busca o reino de Deus em primeiro lugar.
3.2 – Como iniciar o discipulado?
a. Disponha-se a fazê-lo.
b. Acredite que você mesmo pode fazê-lo, após receber treinamento adequado.
c. Procure o material adequado. Converse com seu pastor ou seu professor de escola dominical. Há excelentes livros ou apostilas que podem ser usados para este propósito.
d. Ore pedindo que Deus lhe dê um ou dois discípulos.
e. Seja sensível à voz do Espírito Santo.
f. Estabeleça um local e horário definido e cumpra-o.
g. Deixe-se gastar em prol do discípulo (2Co 12.15).
4 – Qual é o tempo do discipulado?
No mínimo um ano, e uma vez por semana. Como o encontro é entre você e uma ou mais pessoas, a mobilidade e a flexibilidade são maiores, todavia, procure ter disciplinas quanto aos horários e dias. Discipulador que não cumpre seus compromissos marcados não adquire autoridade perante seus discipulados. E aí você vai ensinar o quê?
Conclusão
“ O discipulado é uma relação comprometida e pessoal em que um discípulo mais maduro ajuda outros discípulos de Jesus Cristo a se aproximarem mais Dele e assim se reproduzirem” (Kornfield). Se você entendeu cada palavra desta definição, seja um discipulador!
