Com a morte dos apóstolos não demorou para que a Igreja se sentisse ameaçada pelas várias doutrinas que surgiam a respeito de Jesus Cristo.
A doutrina que mais foi atacada ou que mais trouxe confusão se refere ao que chamamos na teologia de união hipostática. União hipostática (também conhecida como união mística ou dupla natureza de Cristo) é a doutrina clássica da cristologia que afirma ter Jesus Cristo duas naturezas, sendo homem e Deus ao mesmo tempo. Até o Concílio de Calcedônia surgiram algumas doutrinas que sacrificavam a divindade em detrimento da humanidade, como os:
• Ebionitas: Origem desconhecida. Na busca de defender o monoteísmo negavam a divindade de Cristo. Eles o consideravam como um simples homem, filho de José e Maria, qualificado em seu batismo para ser o Messias, pela descida do Espírito Santo sobre Ele.
• Alogianos: Rejeitavam os escritos de João por que entendiam que sua doutrina do logo estava em conflito, com o restante do Novo Testamento.
Por outro lado haviam aqueles que sacrificavam a humanidade em detrimento da divindade, como os:
• Gnoticismo: Originou-se provavelmente na Asia Menor entre os anos de 135-200 d.C.. Estes foram profundamente influenciados pela concepção dualista dos gregos, em que a matéria, entendida como inerentemente má, é descrita como completamente oposta ao espírito. Rejeitavam a ideia de uma encarnação, de uma manifestação de Deus em forma visível, visto que isto envolveria um contato direto do espírito com a matéria. (Bem contra o mal; espírito vs carne, etc.).
• Docetismo (antecedeu o gnoticismo). Eram apenas correntes de pensamentos e não uma seita organizada. Para os docetas, Jesus era só divino, o seu corpo era apenas uma ilusão. Não podia ser humano, pois consideravam que a matéria era intrinsecamente má. O corpo e o sofrimento de Jesus eram apenas aparentes, não reais. Era a filosofia grega se infiltrando nas igrejas. Existe hoje um docetismo disfarçado na crença em um Cristo tão distante da realidade humana, como se pode verificar na teologia popular católica, onde os “santos” estão mais próximos das pessoas do que Jesus Cristo.
• Escola dos Alexandrinos: Defenderam a divindade de Cristo, e na busca de se colocarem em oposição aos gnósticos, criaram a concepção de Cristo como subordinado ao Pai. Interpretavam a Bíblia através do método alegórico. Seus principais representantes foram Clemente e seu discípulo Orígenes, foi ele que criou a ideia da subordinação quanto à essência.
• Tertuliano: Também defendeu a ideia de Cristo estar subordinado ao Pai, neste sentido ser um pouco menor que Deus.
• Arianismo: Partindo do princípio de Orígenes fez distinção entre Cristo e o Logos como a razão divina. Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus, e, todavia, mais que um homem. Em outras palavras: Jesus é Deus, mas não igual ao Pai.
• Atanásio: Contestou a Ário e defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai, posição que foi oficialmente adotada pelo Concílio de Nicéia, em 325.
• Theodoro de Mopsêstia e Nestório (Nestorianismo): Acentuavam a completa humanidade de Cristo e entendiam que a habitação do Logos nele era apenas uma habitação moral. Ele compreendia Cristo lado a lado com Deus, mas não unido a Ele numa unidade de vida pessoal única. As duas naturezas estavam separadas uma da outra. Jesus agia uma ora com a natureza humana e ora com a natureza divina.
• Eutico (Eutiquianismo): Acreditava que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela divina, ou que as duas se fundiram resultando numa só natureza (uma terceira natureza), posição que para muitos era a negação das duas naturezas de Cristo. O Concílio de Calcedônia, em 451, condenou esses conceitos e manteve a crença na unidade da pessoa, como também na dualidade das naturezas. Após o Concílio de Calcedônia o erro Eutiquiano continuou com os Monofisitas e Monotelitas, mas finalmente foi dominado pela Igreja. A
Conclusão do Concílio de Calcedônia foi de que Jesus teve uma natureza humana completa e uma natureza
divina também completa, duas naturezas em uma só pessoa. Portanto, na pessoa de Jesus as duas naturezas estão unidas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação, conservando cada qual a sua própria especificidade.
A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à doutrina da pessoa de Cristo.
• Alguns dos escolásticos expuseram em sua Cristologia um conceito docético de Cristo. Para Tomaz de Aquino a pessoa do Logos tornou-se composta na encarnação, e Sua união com a natureza humana “impediu” esta última de chegar a ter uma personalidade independente.
Até o século XIX não houve grandes mudanças na doutrina da pessoa de Cristo. A Reforma não contribuiu muito com relação a essa doutrina. Confissão Helvética: “reconhecemos, pois, que há no único e mesmo Jesus, nosso Senhor, duas naturezas – a natureza divina e a humana; e dizemos que estas são ligadas ou unidas de modo tal, que não são absorvidas, confundidas ou misturadas, mas, antes, são unidas ou conjugadas numa pessoa (sendo que as propriedades de cada uma delas permanecem a salvo e intactas), de modo que podemos cultuar a um Cristo, nosso Senhor, e não a dois. Portanto, não pensamos nem ensinamos que a natureza divina em Cristo sofreu, ou que Cristo, de acordo com a Sua natureza humana, ainda está no mundo e, assim, em todo lugar”.
No século XIX deu-se grande mudança no estudo da pessoa de Cristo. Até àquele tempo, o ponto de partida fora predominantemente teológico, e a Cristologia resultante era teocêntrica, mas durante a última parte do século dezoito houve crescente convicção de que se alcançariam melhores resultados partindo de algo mais próximo, a saber do estudo do Jesus histórico. Assim foi introduzido o “segundo período Cristológico”, assim chamado. O novo ponto de vista era antropológico, e o resultado foi antropecêntrico. Isto evidenciou-se destrutivo para a fé cristã. O Cristo sobrenatural deu lugar a um Jesus humano; e a doutrina das duas naturezas deu lugar para a doutrina de um homem divino.
• Scheleiermacher: Ele considerava Cristo como uma nova criação, na qual a natureza humana é elevada ao nível da perfeição ideal. Acreditava que Cristo atingiu essa perfeição por que estava unido a natureza divina.
• Hegel: Seu conceito a respeito de Cristo é parte integrante do seu sistema panteísta de pensamento. O verbo se fez carne significa para ele que Deus se encarnou na humanidade, de modo que a encarnação expressa realmente a unidade de Deus e o homem.
“A doutrina das duas naturezas de Cristo desapareceu da teologia moderna e em seu lugar temos uma identificação panteísta de Deus e o homem. Essencialmente, todos os homens são divinos, desde que todos têm em si um elemento divino; e todos são filhos de Deus, diferindo de Cristo somente em grau. O ensino moderno acerca de Cristo está baseado na doutrina da continuidade de Deus e o homem. E é exatamente contra essa doutrina que Barth e os que pensam como ele ergueram sua voz. Em alguns círculos atuais há sinais de um retorno à doutrina das duas naturezas”
1 – SUA PREEXISTÊNCIA: Jesus afirmar sua eternidade quando diz: “… antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58) e também quando diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap 22.13).
1.1 – Provada pelo A.T.: Miquéias 5.2 Isaías 9.6
1.2 – Provada pelo N.T.: João 1.1, · João 8.58 · 1 Pe 1.20
1.3 – Provada por obras: Certas obras atribuídas a Cristo exigem Sua preexistência.
Ex.: criação; 1 Coríntios 8.6 Colossenses 1.16
1.4 – Provada por aparições: As aparições do Anjo do Senhor (Gn 48.16; Êx 3.2,4; Jz 13.18). Estas eram teofanias, manifestações do verbo antes da sua encarnação, e só ocorreram antes dela.
· Logos – O termo logos trazia para os gregos uma dupla referência. Era tanto à Palavra de Deus poderosa e criadora do Antigo Testamento, pela qual os céus e a terra foram criados (Sl 33.6), como ao princípio organizador ou unificador do universo, dando-lhe conjunto e sentido dentro do pensamento grego.
· Deus – A palavra Deus (Theos) é atribuída a Cristo. Apesar de a palavra “theos” (Deus) ser em geral
reservada no Novo Testamento para Deus Pai, há algumas passagens em que é também empregada em referência a Jesus Cristo. Em todos esses trechos, a palavra “Deus” é empregada com um sentido denso em referência àquele que é Criador do céu e da terra, o governante de tudo. Entre essas passagens encontram-se: João 1.1; 1.18 (em manuscritos mais antigos); 20.28; Romanos 9.5; Tito 2.13; Hebreus 1.8 e 2 Pedro 1.1.
Um exemplo veterotestamentário do nome Deus aplicado a Cristo encontra-se numa passagem bem conhecida: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte…” (Isaías 9.6).
· Filho de Deus – Ainda que o título “Filho de Deus” possa às vezes ser simplesmente empregado em referência a Israel (Mt 2.15), ou ao homem criado por Deus (Lc 2.38), ou ao homem regenerado em geral (Rm 8.14, 19,23), há, entretanto, casos em que a frase “Filho de Deus” se refere a Jesus como o Filho celestial eterno igual ao próprio Deus (Mt 11.25-30; 17.5; 1 Co 15.28; Hb 1.1-3, 5, 8). Isso ocorre especialmente no evangelho de João, em que Jesus é visto como um Filho singular do Pai (Jo 1.14, 18, 34, 39) que revela plenamente o Pai (Jo 8.19; 14.9). Ele é também aquele que possui toda a autoridade proveniente do Pai para dar vida, pronunciar julgamento eterno e governar sobre tudo (Jo 3.36; 5.20-22, 25; 10.17; 16.15). Como Filho, ele foi enviado pelo Pai e, portanto, existia antes de vir ao mundo (Jo 3.37; 5.23; 10,36).
· Javé (Jeová ou Iavé) e Kyrios – O nome “Senhor” é aplicado a Deus na Septuaginta, como equivalente de Jeová e como tradução de Adonai no Antigo Testamento.
Ás vezes a palavra Senhor (Gr. Kyrios) é empregada simplesmente como tratamento respeitoso dispensado a um superior (Mt 13.27; 21.30; Jo 4.11).
Às vezes pode simplesmente significar “patrão” de um servo ou escravo (Mt 6.24; 21.40). Jesus é tratado como o Senhor (Kyrios). A palavra kyrios é empregada para traduzir o nome do Senhor 6814 vezes no Antigo Testamento grego. Assim, qualquer leitor grego da época do Novo Testamento que conhecesse um pouco o Antigo Testamento grego reconheceria que, nos contextos apropriados, a palavra “Senhor” era o nome do Criador e Mantenedor do céu e da terra, o Deus onipotente.
2 – SUA ENCARNAÇÃO
Embora a palavra não ocorra de maneira explicita na Bíblia, a igreja tem empregado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A encarnação foi o ato pelo qual Deus filho assumiu a natureza humana.
2.1 – Significado· Estar em carne (Jo 1.14) – em corpo humano.
2.2 – Seu meio: O nascimento virginal. · Predito – Isaías 7.14· Consumado – Mt 1.18-25; Lc 1.26-38
2.3 – Suas razões
· Revelar Deus aos homens (Jo 1.18);· Prover um exemplo de vida (1 Pe 2.21);
· Prover um sacrifício pelo pecado (Mc 10.45; Hb 10.1-10);· Destruir as obras do diabo (Lc 4.18; 1 Jo 3.8)
· Reconciliar o homem com Deus (2 Co 5.19);· Ser um sumo sacerdote misericordioso (Hb 5.1-2, Hb 9.26);
· Cumprir a aliança davídica (Lc 1.31-33);· Ser sobremaneira exaltado (Filipenses 2.9).
2.4 – A Pessoa. A pessoa de Cristo encarnado incluía:
· Divindade plenamente mantida (100% Deus);
· Perfeita humanidade (100% homem);
· União numa única pessoa para sempre (Deus e homem). Jesus terá um corpo com aparência humana para sempre. Depois da ressurreição Ele tinha a aparência de um homem (Jo 20.15; 21.4-5). Hoje, está no céu como homem (1 Tm 2.5). Voltará como homem (Mt 16.27-28; 25.31; 26.64-65). Julgará como homem (At 17.31).
3 – SUA HUMANIDADE
Busca, portanto, o conhecimento profundo acerca da natureza do ser humano, levando em conta os aspectos
fisiológicos e espirituais, confrontando-os com aqueles que caracterizam e distinguem os demais seres vivos. Jesus enquanto homem estava subordinado ao Pai. Contudo essa subordinação é de ofício, operação (Jesus veio para fazer a vontade do Pai), mas ela não é de essência-poder. Jesus Cristo não é menor que o Pai.
3.1 – Ele possuía um corpo humano – Lc 2.7; 1 Tm 2.5 “… Jesus Cristo, homem”.
· Nascido de mulher (Gálatas 4.4);· Sujeito ao crescimento (Lucas 2.52);
· Possuía uma mente humana (Lc 2.40);· Visto e tocado por homens (1 João 1.1; Mateus 26.12);
· Sem pecado (Hebreus 4.15);
3.2 – Ele possuía alma e espírito humanos: Mateus 26.38 e Lucas 23.46
3.3 – Ele foi sujeito às limitações da humanidade
· Ele sentiu fome (Mateus 4.2);· Ele sentiu sede (João 19.28);
· Ele se cansou (João 4.6);· Ele chorou (João 11.35);
· Ele foi tentado (Hebreus 4.15);· Ele teve sono (Mt 8.24);
· Dependeu do Pai (Mc 1.35; Jo 6.15);· Morreu (Mt 27.50; Jo 19.34).
3.4 – Ele recebeu nomes humanos
· Filho do homem (Dn 7.13; Lucas 19.10);· Jesus (Mateus 1.21);
· Filho de Davi (Marcos 10.47);· Carpinteiro (Mc 6.3).
3.5 – Ele morreu: Romanos 5.6 – · 1 Coríntios 15.3 –
– SUA DIVINDADE
Ao falarmos da divindade de Jesus mostraremos que Seu nome prova sua divindade, contudo iniciaremos dando ênfase primeiramente aos dois nomes mais usados, pois estes descrevem sua natureza e sua obra.
· O nome “Jesus” – O nome Jesus é a forma grega do hebraico, Jehoshua, Joshua (Josué 1.1); Zc 3.1), ou Jeshua (forma normalmente usada nos livros históricos pós-exílicos), que significa salvação ou redenção. Afirma-se que este nome é derivado de Jeho (Jehova) e shua (socorro).
· O nome “Cristo” – Se Jesus é o nome pessoal, Cristo é o nome oficial do Messias. É o equivalente de Maschiach (ungido) do Antigo Testamento.
4.1 – Provada pelos Seus nomes· Deus (Hebreus 1.8);
· Filho de Deus (Mateus 16.16; 26.61-64a);· Senhor (Mateus 22.43-45);
· Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19.16);· Advogado e intercessor (1 Jo 2.1);
· Alfa e Ômega (Ap 1.8).
4.3 – Provada por Suas obras
· Criação (João 1.3, Cl 1.16) – criador do universo, dos anjos, etc.;
· Sustentação e preservação da criação (Colossenses 1.17; Hb 1.3);
· Perdão de Pecados (Lucas 7.48);
· Ressurreição dos Mortos (João 5.25; 10.28; Fp 3.21) – Doador da vida imortal;
· Julgamento (João 5.27; 2 Tm 4.1) – Juiz dos vivos e dos mortos;
· Pastor (Sl 23.1; Jo 10.11; 1 Pe5.4);
· Envio do Espírito Santo (João 15.26).
4.4 – Provada pela adoração oferecida a Ele
· Por anjos (Hebreus 1.6);· Por homens (Mateus 14.33);
· Por todos (Filipenses 2.10).4.5 – Provada por Sua igualdade na Trindade
· Com o Pai (João 14.23; 10.30);· Com o Pai e o Espírito Santo (Mateus 28.19; 2 Coríntios 13.13).
5 – SUA VIDA TERRENA
5.1 – Sua Preparação
· Nascimento· Infância, pré-adolescência e crescimento até a maturidade
· Batismo· Tentação
5.2 – Sua Pregação
· Ministério inicial na Judéia (João 2.13-4.3)· Ministério na Galiléia (Marcos 1.14-9.50)
· Ministério da Peréia (Lucas 9.51-19.28).
5.3 – Sua Paixão
· A última semana em Jerusalém (Lucas 19.29-22.46);· Traição e prisão (João 18.2-13);
· Julgamento perante Anás (João 18.12-24);· Julgamento perante Caifás (Marcos 14.53-15.1);
· Julgamento perante Pilatos (Marcos 15.1-5);· Julgamento perante Herodes (Lucas 23.8.12);
· Segundo julgamento perante Pilatos (Marcos 15.6-15);· Crucificação;
· Sepultamento; Ressurreição.
6 – A KENOSIS
6.1 – Significado: A palavra “kenosis” significa literalmente esvaziamento. O texto que fundamenta esta doutrina se encontra na carta que o apóstolo Paulo escreveu aos irmãos da igreja de Filipenses 2.7.
6.2 – A verdadeira doutrina da Kenosis. A doutrina da “kenosis” envolve: O encobrimento de Sua glória pré-encarnada; sua condescendência em assumir a semelhança de carne pecaminosa (a forma humana) durante a encarnação; o não uso voluntário de alguns de Seus atributos durante Sua vida terrena
6.3 – Teoria falsa da Kenosis
O grande erro cometido por muitos a respeito desta teoria: Alguns kenoticistas defendem que Cristo transformou-se literalmente num homem, reduzindo-se total ou parcialmente às dimensões de um homem, e depois cresceu em sabedoria e poder, até que afinal se tornou Deus de novo. Cristo perdeu, ao abrir mão, certos atributos durante Sua vida terrena. Se isso tivesse acontecido, Ele teria deixado de ser Deus durante este período.
8 – OS SOFRIMENTOS E SUA MORTE
8.1 – Os Sofrimentos. Vários pontos devem ser salientados com relação aos sofrimentos de Cristo.
1) Toda a Sua vida foi uma vida de sofrimentos. Foi uma vida de servo, a vida do único ser humano sem pecado, na diária companhia de pecadores, e a vida do Santo num mundo amaldiçoado pelo pecado. O caminho da obediência foi para Ele, ao mesmo tempo, um caminho de sofrimento
2) Sofreu no corpo e na alma. Tanto o corpo como a alma foram afetados pelo pecado, e a punição tinha que atingir ambos. Além disso, a Bíblia ensina claramente que Cristo sofreu em ambos. Ele agonizou no jardim, onde a Sua alma esteve “profundamente triste até a morte”, e também Ele foi esbofeteado, açoitado e crucificado.
3) Seus sofrimentos resultaram de várias causas. Em última análise, todos os sofrimentos de Cristo resultaram do fato de que Ele tomou o lugar dos pecadores vicariamente.
4) Seus sofrimentos nas tentações. As tentações de Cristo são parte integrante dos Seus sofrimentos. Essas tentações se acham na vereda do sofrimento, Mt 4.1-11; Lc 22.28; Jo 12.27.
8.2 – Morte do Salvador: Os sofrimentos do Salvador culminaram finalmente em Sua morte. Neste contexto devemos dar ênfase aos seguintes pontos:
1) A extensão da Sua morte. É simplesmente natural que, quando falamos da morte de Cristo neste contexto, temos em mente primeiro e acima de tudo a morte física, isto é, a separação de corpo e alma. Ao mesmo tempo, devemos lembrar que isto não esgota a ideia da morte apresentada na Escritura. A Bíblia faz uma conceituação sintética da morte, e considera a morte física apenas como uma das suas manifestações. Em segundo a morte é a separação de Deus, mas esta separação pode ser vista de duas maneiras diversas. O homem se separa de Deus pelo pecado, e a morte é o resultado natural, de modo que até se pode dizer que o pecado é a morte. Mas não dessa maneira que Jesus se tornou sujeito à morte, visto que Ele não tinha nenhum pecado pessoal. Com relação a isto, deve-se ter em mente que a morte não é meramente a consequência natural do pecado, mas é, acima de tudo, a punição do pecado, punição judicialmente imposta
e infligida. É a ação pela qual Deus se retira do homem com todas as bênçãos de vida e felicidade, e visita o
homem com ira. É segundo este ponto de vista judicial que se deve considerar a morte de Cristo. Deus impôs judicialmente a sentença de morte ao Mediador, desde que Este se incumbiu voluntariamente de cumprir a pena do pecado da raça humana. Uma vez que Cristo assumiu a natureza humana com todas as suas fraquezas, e assim se fez semelhante a nós em todas as coisas, com a exceção única do pecado, segue-se que a morte operou nele desde o princípio e se manifestou em muitos dos sofrimentos aos quais Ele esteve sujeito. Ele era um homem de dores e sabia o que é padecer.
2) O caráter judicial de Sua morte. Era deveras essencial que Cristo não sofresse morte natural, nem acidental, e que não morresse pelas mãos de um assassino, mas sob sentença judicial. Ele tinha que ser contado com os transgressores e condenado como criminosos. Além disso, Deus dispôs providencialmente que o Mediador fosse julgado e sentenciado por um juiz romano. Poder-se-ia esperar que o julgamento perante um juiz romano serviria para demonstrar claramente a inocência de Jesus, o que de fato aconteceu, para que ficasse absolutamente claro que Ele não foi condenado por nenhum crime cometido por Ele. Isto dá testemunho do fato de que, como diz o Senhor, Ele “foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo foi ele ferido”. E quando o juiz romano, não obstante, condenou o inocente, ele é verdade, também se condenou a justiça humana como ele a aplicara, mas, ao mesmo tempo, impôs sentença a Jesus na qualidade de representante do mais elevado poder judicial do mundo, exercendo as suas funções pela graça de Deus e ministrando a justiça em nome de Deus. É também significativo que Jesus não foi decapitado, nem mortalmente apedrejado. A crucificação não era uma forma judaica de castigo, mas, sim, romana. Era considerada tão infame e ignominiosa, que não podia ser aplicada a cidadãos romanos, mas somente à escória da humanidade, aos escravos e criminosos mais indignos. Sofrendo esse tipo de morte, Jesus satisfez as extremas exigências da lei. Ao mesmo tempo, padeceu morte amaldiçoada, e assim provou que se fez maldição por nós, Dt 21.23; Gl 3.13.
8.3 – O Sepultamento do Salvador : Poderia parecer que a morte de Cristo foi o derradeiro estágio da Sua humilhação, principalmente em vista de uma das suas últimas palavras na cruz: “Está consumado”.
8.4 – A Descida do Salvador ao Hades: Base Bíblica – Há especialmente quatro passagens que entrarão em consideração aqui.
(1) Ef. 4.8, 9 – (2) 1 Pe 3.18, 19
8.5 – A Morte de Cristo é Destacada em toda Palavra
· No A.T. ela é como que um fio escarlate percorrendo a história, como o próprio Cristo demonstrou (Lucas 24.27,440. No N.T. ela é mencionada pelo menos 175 vezes.
· É o propósito máximo da encarnação de Cristo (Mateus 20.28; Hb 2.14). É o coração do próprio evangelho (1 Coríntios 15.1-3).
8.6 – Sua descrição
· Um resgate – A morte de Cristo pagou o preço da penalidade pelo pecado (Mateus 20.28; 1 Timóteo 2.6);
· Uma reconciliação – A posição do mundo em relação a Deus foi modificada pela morte de Cristo, de tal modo que todos os homens agora podem ser salvos (2 Coríntios 5.18-19);
· Uma propiciação – A justiça de Deus foi satisfeita com a morte de Cristo (1 João 2.2);
· Uma substituição – Cristo morreu no lugar dos pecadores (2 Coríntios 5.21);
· Uma prova do amor de Deus – A entrega de Seu único filho demonstra todo o amor que Deus sente pelo mundo e pelo homem em especial (João 3.16; Romanos 5.8).
8.7 – Falsas teorias sobre Sua morte
· Teoria do exemplo ou da influência moral – O único propósito da morte de Cristo foi exercer uma influência positiva sobre o homem.
· Teoria governamental – O governo de Deus sobre o universo exigia que Ele fizesse da morte de Cristo um exemplo de Seu ódio ao pecado.
· Teoria neo-ortodoxa – A morte de Cristo foi uma revelação do amor de Deus e da pecaminosidade do homem, mas não uma substituição pelo pecado do homem.
· Resgate e Satanás – O resgate efetuado pela morte de Cristo foi efetivamente pago a Satanás.
9 – SUA RESSURREIÇÃO
9.1 – Natureza da ressurreição: A ressurreição de Cristo não constituiu no mero fato de que Ele retornou à vida, dando-se a reunião do corpo e a alma. Se isso fosse tudo que ela envolveu, Cristo não poderia ser chamado “as primícias dos que dormem”, 1 Co 15.20, nem “o primogênito de entre os mortos”, Cl 1.18; Ap 1.5, dando que outros foram devolvidos à vida antes dele. Sua ressurreição consistiu, antes, em que nele a natureza humana, o corpo e a alma, foi restaurada à sua prístina força e perfeição e até mesmo elevada a um nível superior, enquanto que o corpo e a alma foram reunidos num organismo vivo.
9.2 – O autor da ressurreição: Em distinção dos outros que ressuscitaram dos mortos, Cristo ressurgiu por Seu próprio poder. Ele falou de Si mesmo como a ressurreição e a vida, Jo 11.25, declarou que tinha o poder de entregar a Sua vida e de retoma-la, Jo 10.18, e até predisse que reedificaria o templo do Seu corpo, Jo 2.19-21. Mas a ressurreição não foi uma realização unicamente de Cristo; frequentemente é atribuída, na escritura, ao poder de Deus em geral, At 2.24; 32; 3.26; 5.30; 1 Co 6.14; Ef 1.20, ou mais particularmente, ao pai, Rm 6.4; Gl 1.1; 1 Pe 1.3. E se a ressurreição pode ser chamada obra de Deus, segue-se que o Espírito Santo também agiu nela, pois os opera ad extra (obras divinas externas à Trindade) são obras do Trino Deus. Ademais, em Rm 8.11 isso também está implícito.
9.3 – Tentativas de negar a ressurreição
A narrativa do túmulo vazio e das aparições de Jesus após a ressurreição apresenta a muitos um desafio a ser explicado, sem aceitar a ressurreição. Eis algumas das mais importantes tentativas:
A. Teoria da falsidade. Afirmam que os discípulos praticaram fraude deliberada, roubando o corpo do túmulo e depois declarando que o Senhor ressuscitara.
B. A teoria do desmaio. Segundo essa teoria, Jesus não morreu de fato, mas apenas desfaleceu, conquanto se pensasse que Ele estava realmente morto.
C. Teoria da visão. Esta se apresenta em duas formas:
1) Alguns falam de visões puramente subjetivas. Na excitação do seu estado mental, os discípulos se fixavam tanto no Salvador e na possibilidade do Seu retorno a eles, que por fim pensaram realmente que O viram.
2) Em vista da extrema fraqueza dessa teoria, alguns eruditos apresentaram uma versão diferente dela. Alegam que os discípulos tiveram visões objetivas reais, miraculosamente enviadas por Deus, para persuadi-los a ir avante com a pregação do Evangelho.
D. Teorias míticas. Passou a existir uma nova escola mítica que descarta, ou ao menos dispensa, as teorias da visão e da aparição, e procura explicar a “: lenda” da ressurreição com o auxílio de concepções importadas da babilônia e doutros países orientais pelo judaísmo. Essa escola alega, na somente que a mitologia das antigas religiões orientais contém analogias da narrativa da ressurreição, mas também que essa narrativa é realmente oriunda de mitos pagãos.
9.4 – A ressurreição um fato: O túmulo vazio; As aparições à: Maria Madalena (João 20.11-17); Às outras mulheres (Mateus 28.9-10);
9.6 – O significado da Ressurreição com relação
· A Jesus Cristo: Provou que Ele era o Filho de Deus (Romanos 1.4); Confirmou a verdade de tudo que Ele dissera (Mateus 28.6).
· A todos os homens: Tornou certa a ressurreição de todos (1 Coríntios 15.20-22); garante a certeza do juízo vindouro (At 17.31).
· Os crentes: Dá certeza de aceitação perante Deus (Romanos 4.25); Supre poder para o serviço cristão (Efésios 1.19-22); Dá garantia a ressurreição dos crentes (2 Coríntios 4.14); Designa Cristo como Cabeça da Igreja (Efésios 1.19-22) Garante-nos um Sumo Sacerdote misericordioso no céu (Hebreus 4.14-16).
10 – SUA ASCENSÃO
A transição de Cristo para a vida superior na glória começou na ressurreição e foi aperfeiçoada na ascensão. Não significa que a ascensão é destituída de significado independente. Mas, embora as provas bíblicas da ascensão não sejam tão abundantes como as da ressurreição, são mais que suficientes.
Alguns textos que relatam a ascensão de Cristo: Lc 24.50-53; At 1.6-11; Jo 6.62; 14.2, 12; 16.5, 10, 17, 28; 17.5; 20.17; Ef 1.20; 4.8-10; 1 Tm 3.16.
10.1 – A natureza da ascensão: Pode-se descrever a ascensão como a subida visível da pessoa do mediador da terra ao céu, segundo Sua natureza humana. Foi uma transição local, de um lugar para outro.
10.3 – Significado
· Fim do período de limitação que Cristo se sujeitou. Exaltação (Efésios 1.20-23; 1 Pe 3.22; Fl 2.9).
· Precursor (Hebreus 6.20). Início de Seu ministério sumo sacerdotal (Hebreus 4.14-16).
· Preparação de um lugar para Seu povo (João 4.2). Senhorio sobre a Igreja (Colossenses 1.18).
10.3 – Os estados de Jesus Cristo
· Humilhação à encarnação, sofrimento, morte e sepultamento.
· Exaltação à ressurreição, ascensão, sentar-se à destra de Deus e a volta em poder e glória.
11 – SEU MINISTÉRIO ATUAL
11.1 – Figuras que demonstram Sua atuação hoje
O atual ministério de Cristo no céu é todo relacionado, direta ou indiretamente, à Sua função de mediador, e é revelado por sete ilustrações.
· O último Adão e a Nova Criação (1 Co 15.45; 2 Co 5.17).
o Significado – Cristo como o doador da vida, aquele que pagou o preço do pecado original e deu início a nova raça humana. Cristo o Cabeça e a Igreja Seu corpo. Significado – Direção, sustento, concessão de dons espirituais.
· Pastor e ovelhas (João 10.10).: Significado – Direção e cuidado.
· Videira e ramos (João 15): Significado – Produção de fruto espiritual.
· Pedra angular e pedras do edifício (1 Co 3.11; 1 Pe 2.4-8): Significado – Fundamento de nossa existência, vida e segurança.
· Sumo sacerdote e sacerdócio real (1 Pe 2.5-9): Significado – Sacrifício e intercessão.
· Noivo e noiva (Ef 5.25-27): Significado – prontidão e santidade
12 – SUA VOLTA
12.1 – O regresso como um estágio da exaltação: Às vezes se omite a volta de Cristo na consideração dos estágios da Sua exaltação, como se a sessão à destra de Deus fosse o ponto culminante. Mas isto não está certo. O ponto supremo não será alcançado enquanto. Aquele que sofreu nas mãos do homem não voltar na qualidade de juiz. Ele mesmo indicou isto como uma prerrogativa mediatária, Jo 5.22, 27, e o mesmo fizeram os apóstolos, At 10.42; 17.31. Além das passagens que falam da designação de Cristo como juiz, existem várias que se referem à Sua atividade judicial, Mt 19.28; 25.31-34; Lc 3.17; Rm 2.16; 14.9; 1 Co 5.10; 2 Tm 4.1; Tg 5.9.
12.2 – Termos bíblicos sobre o retorno de Cristo: Diversos termos empregados para designar a futura vinda
de Jesus Cristo. O termo parousia é o mais comum deles. Em primeiro lugar, significa simplesmente “presença”, mas também serve para designar uma vinda precedendo uma presença. Este é o sentido comum do termo quando empregado com relação à volta de Jesus Cristo, Mt 24.3, 27, 37, 39; 1 Co 15.23; 1 Ts 2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2 Ts 2.1; Tg 5.7, 8; 2 Pe 3.4.
Um segundo termo é apocalypsis, que acentua o fato de que a volta de Jesus Cristo será um ato revelador dele. Indica o desvendar de algo anteriormente oculto, neste caso, o desvendar da oculta glória e majestade de Jesus Cristo, 2 Ts 1.7; 1 Pe 1.7, 13; 4.13. Um terceiro termo é epiphaneia, o glorioso aparecimento do Senhor – Sua gloriosa manifestação. Está implícito que aquilo que é o posto a descoberto é algo glorioso, 2 Ts 2.8; 1 Tm 6.14; 2 Tm 4.1-8; Tt 2.13.
12.3 – A maneira do regresso de Cristo: Alguns situam o regresso de Cristo no passado, alegando que a promessa da Sua volta foi cumprida quando ele retornou no Espírito Santo. Referem-se eles à promessa registrada em Jo 14-16, e interpretam a palavra parousia como significando simples presença. Pois bem, pode-se dizer que, num sentido, Cristo retornou no Espírito Santo e, como tal, está presente na igreja. Mas este foi um retorno espiritual, ao passo que a Bíblia nos ensina a ter em vista um retorno físico e visível de Cristo, At 1.11. Mesmo depois do Pentecoste, somos instruídos a esperar anelantes a vinda de Cristo, 1 Co 1.7; 4.5; 11.26; Fp 3.20; Cl 3.4; 1 Ts 4.15-17; 2 Ts 1.7-10; Tt 2.13; Ap 1.7.
12.4 – O propósito do Seu regresso
A segunda vinda de Cristo se dará com o propósito de julgar o mundo e aperfeiçoar a salvação do Seu povo. Anjos e homens, vivos e mortos, comparecerão perante Ele para serem julgados segundo o registro que deles terá sido guardado, Mt 24.30, 31; 25.31, 32. Será uma vinda com terríveis sentenças sobre os ímpios, mas também com bênçãos de eterna glória para os santos, Mt 25.33-46. Enquanto que ele sentenciará os ímpios ao castigo eterno, justificará publicamente os Seus e os conduzirá ao perfeito gozo do Seu reino eterno. Isto assinalará a vitória completa de Jesus Cristo.
12.5 – Anunciada pelo próprio Cristo -Mateus 24.27, 37, 42; 25.1-13
13 – OS OFÍCIOS DE CRISTO
É costume falar de três ofícios com relação à obra de Cristo, a saber, os ofícios profético, sacerdotal e real. Embora alguns dos chamados pais primitivos da igreja já falassem dos diferentes ofícios de Cristo, Calvino foi o primeiro a reconhecer a importância de distinguir os três ofícios do Mediador e chamar a atenção para isto num capítulo específico das suas Institutas.(…). Desde os dias da |Reforma, a distinção foi aceita em geral como um dos lugares comuns da teologia, embora não houvesse acordo geral quanto à importância relativa dos ofícios, nem quanto à sua interrelação. Uns colocavam em primeira plano o oficio profético, outros o sacerdotal, e ainda outros o real. Houve quem lhes aplicasse a idéia de sucessão cronológica, entendendo que Cristo agiu como profeta durante o Seu ministério público aqui na terra, como sacerdote em Seus sofrimentos finais e em sua morte na cruz, e como rei age agora, que está assentado à mão direita de Deus. Outros, porém, salientavam acertadamente o fato de que se deve entender que Ele agiu e age em Sua tríplice capacidade em Seu estado de humilhação e em Seu estado de exaltação.
13.1 – O OFÍCIO DE PROFETA
A. Os termos empregados na Escritura. O velho Testamento emprega três palavras para designar um profeta, a saber, nabhi, ro’eh e chozeh. O sentido radical da palavra nobhi é incerto, mas, por passagens como Ex. 7.1 e Dt 18.18, fica evidente que a palavra designa alguém que vem com mensagem da parte de Deus para o povo. As palavras ro’eh e chozeh acentuam o fato de que o profeta é alguém que recebe revelações da parte de Deus, particularmente na forma de visões. (…). No Novo Testamento usa-se a palavra prophetes, composta de pro e phemi. A preposição não é temporal, neste caso. Conseqüentemente, a palavra prophemi não significa “falar de antemão”, mas “proferir”. O profeta é alguém que fala da parte de Deus.
B. O dever dos profetas. Era dever dos profetas revelar a vontade de Deus ao povo. Isto podia ser feito na
forma de instrução, admoestação e exortação, promessas gloriosas ou censuras severas. Eles eram os monitores ministeriais do povo, os intérpretes da lei, especialmente nos seus aspectos morais e espirituais. Era seu dever protestar contra o mero formalismo, acentuar o dever moral, fazer ver a necessidade do serviço espiritual e promover os interesses da verdade e da justiça. Se o povo se afastava das veredas do dever, eles tinham que chamá-lo de volta à lei e ao testemunho, e anunciar o iminente terror do Senhor sobre os ímpios. Mas a sua obra também estava intimamente relacionada com as promessas da graça de Deus para o futuro. Era seu privilégio descrever as coisas gloriosas que Deus tinha em depósito para o Seu povo.
13.1.1 – Distinções Aplicadas à Obra de Cristo
Cristo age como profeta de várias maneiras: Tanto antes como depois da encarnação. Ele agiu como profeta mesmo na antiga dispensação, como nas revelações especiais do Anjo do Senhor (Gn 18.1-3,13), nos ensinos dos profetas, nos quais agiu como o espírito de revelação (1 Pe 1.11), e na iluminação espiritual dos crentes.
Tanto imediata como mediatamente. Ele exerceu o Seu ofício profético imediatamente, como o Anjo do Senhor do período do velho Testamento, e como o Senhor encarnado, por meio dos Seus ensinos e também do Seu exemplo, Jo 13.15; Fp 2.5; 1 Pe 2.22. E o exerceu mediatamente, através da operação do Espírito Santo, por meio dos ensinos dos profetas do Velho Testamento e dos apóstolos do Novo, e o exerce agora mesmo, pelo Espírito que habita nos crentes, como também pela instrumentalidade dos ministros do Evangelho. Isto significa também que ele dá continuidade à Sua obra profética objetiva e externamente, e subjetiva e internamente mediante o Espírito, que é descrito como o Espírito de Cristo.
13.1.2 – Provas Bíblicas do Ofício Profético de Cristo
A Escritura atesta de várias maneiras o oficio profético de Cristo. Ele é prenunciado como profeta em Dt 18.15, passagem aplicada a Cristo em At 3.22, 23. Ele fala de Si como profeta em Lc 13.33. Além disso, alega que traz uma mensagem do Pai, Jo 8.26-28; 12.49, 50; 14.10, 24; 15.15; 17.8, 20; prediz coisas futuras, Mt 24.3-35; Lc 19.41-44, e fala com singular autoridade, Mt 7.29. Suas poderosas obras serviam para autenticar a Sua mensagem. Em vista disso tudo, não admira que o povo O tenha reconhecido como profeta, Mt 21.11, 46; Lc 7.16; 24.19; Jo 3.2; 4.19; 6.14; 7.40; 9.17.
13.2 – O OFÍCIO SACERDOTAL
A. Os Termos Empregados na Escritura. A palavra veterotestamentária para sacerdote é quase sem exceção kohen. As únicas exceções acham-se em passagens que se referem a sacerdotes idólatras, 2 Rs 23.5; Os 10.5; Sf 1.4, onde se encontra a palavra chemarim. O significado original de kohen é incerto. Não é impossível que nos primeiros tempos indicasse um funcionário civil bem como um servidor eclesiástico, cf. 1 Rs 4.5; 2 Sm 8.18; 20.26. É evidente que a palavra sempre indicava alguém que ocupava posição honrosa e de responsabilidade, e que estava revestido de autoridade sobre outros; e ainda que, quase sem exceção, serve para designar um oficial eclesiástico. A palavra neotestamentária para sacerdote é hiereus, que, ao que parece, indicava originariamente “um ser poderoso” e, mais tarde, “uma pessoa sagrada”, “uma pessoa dedicada a Deus”.
B. A Distinção Entre um Profeta e um Sacerdote. A Bíblia faz ampla, mas importante, distinção entre profeta e sacerdote. Ambos receberam de Deus o seu encargo, Dt 18.18, 19; Hb 5.4. mas o profeta foi nomeado para ser representante de Deus junto ao povo, para ser Seu mensageiro e para interpretar a Sua vontade. Era primeiramente um mestre religiosos. Por outro lado, o sacerdote era representante do homem junto a Deus. Tinha o especial privilégio de aproximar-se de Deus, e de falar e agir em favor do povo. É verdade que, na antiga dispensação, os sacerdotes também eram mestres, mas o seu ensino diferia do ensino dos profetas. Ao passo que estes acentuavam os deveres, responsabilidades e privilégios morais e espirituais, aqueles salientavam as observâncias rituais envolvidas num adequado acesso a Deus.
13.2.1 – As Funções do Sacerdote nos Termos Indicados na Escritura
A passagem clássica na qual são dadas as verdadeiras características do sacerdote e na qual sua obra é em parte designada, é Hb 5.1. Estão indicados ali os seguintes elementos:
A. o sacerdote é tomado dentre os homens para ser o seu representante diante de Deus;
B. Age no interesse dos homens nas coisas pertencentes a Deus, isto é, nas coisas religiosas; Ele também fazia intercessão pelo povo (Hb 7.25).
C. sua obra especial consiste em oferecer dádivas e sacrifícios pelos pecados.
D. os abençoava em nome de Deus, Lv 9.22.
13.2.2 – Provas Bíblicas Do Ofício Sacerdotal de Cristo
O Velho testamento prediz e prefigura o sacerdócio do redentor vindouro. Há claras referências a isto em Sl 110.4 e Zc 6.13. Além disso, o sacerdócio do Velho Testamento, e particularmente o sumo sacerdote, claramente prefiguram um Messias sacerdotal. No Novo Testamento há somente um único livro em que ele é chamado sacerdote, qual seja, a Epistola aos Hebreus, mas ali o nome é repetidamente aplicado a Ele, 3.1; 4.14; 5.5; 6.20; 7.26; 8.1. Ao mesmo tempo, muitos outros livros do Novo Testamento se referem à obra sacerdotal de Cristo, como veremos na discussão deste assunto.
A Obra Sacrificial de Cristo foi dupla, de acordo com a escritura. Sua tarefa máxima foi a de oferecer um sacrifício todo-suficiente pelo pecado do mundo. Era próprio do oficio de sacerdote apresentar oferendas e oferecer sacrifícios pelo pecado. Cristo foi o ofertante e a oferta ao mesmo tempo.
A grande e central parte da obra sacerdotal de Cristo jaz na expiação, mas esta, naturalmente, não é completa sem a intercessão. Sua obra sacrificial na terra requer o Seu serviço no santuário celestial. Ambas são partes complementares da tarefa sacerdotal do Salvador.
13.2.3 – A Causa Motora da Expiação:
1) Ela se acha no Beneplácito de Deus. Às vezes ela é descrita como se a causa motora da expiação estivesse no amor compassivo de Cristo pelos pecadores. Ele era tão bondoso e tão cheio de amor que a simples ideia de que os pecadores poderiam perder-se para sempre lhe causava aversão. Daí, Ele se ofereceu como vítima no lugar deles, cumpriu a pena dando a Sua vida pelos transgressores e assim, pacificou um Deus irado. Em alguns casos, este conceito incita os homens a elogiarem Cristo por Seu sacrifício supremo, mas, ao mesmo tempo, a censurar a Deus por exigir e aceitar tal preço. (…).
2) No Amor e na Justiça Combinados. É necessário evitar toda a qualquer unilateralidade nesta questão. Se dissermos que a expiação se funda somente na retidão e na justiça de Deus como causa motora da expiação, e daremos pretexto àqueles inimigos da teoria a satisfação, quanto à expiação, que gostam de descrevê-la como se implicasse que Deus é um ser vingativo, interessado unicamente em Sua honra. Se, por outro lado, consideráramos a expiação como pura expressão do amor de Deus, não faremos justiça à retidão e à veracidade de Deus, e reduziremos os sofrimentos e a morte de Cristo a um enigma inexplicável.
13.2.4 – Objeções à Doutrina da Absoluta Necessidade da Expiação
Há especialmente duas objeções muitas vezes levantadas contra a idéia de que Deus tinha que exigir satisfação para poder perdoar o pecado e, porque não havia outro meio, constituiu Seu unigênito Filho um sacrifício pelo pecado do mundo.
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Isso Torna Deus Inferior ao Homem – O homem pode perdoar gratuitamente os que o ofendem, e muitas vezes o faz, mas, de acordo com o conceito que está sendo considerado, Deus não pode perdoar enquanto na recebe satisfação. Quer dizer que ele é menos bom e menos caridoso que os homens pecadores? (…).
O amor aos pecadores assim revelado não foi despertado por alguma consideração da satisfação exigida, mas foi inteiramente soberano e livre. O próprio Mediador foi uma dádiva que, naturalmente, não podia depender da expiação.
2. Pressupõe Uma Cisão Na Trindade – (…). Diz David Smith, o auto de In the Days of His Flesh (Nos Dias da Sua Carne): “Ela (a teoria penal da satisfação) coloca um abismo entre Deus e Cristo, representando Deus como Juiz severo que insistia na execução da justiça, e Cristo como o compassivo Salvador que se interpôs e satisfez a Sua exigência legal e apaziguou a Sua justa ira. Eles não estão unidos, nem em Suas atitudes para com os pecadores, nem nas funções que desempenham. Deus é propiciado, Cristo propicia; Deus exige a punição, Cristo a sofre; Deus cobra o débito, Cristo o paga”. Esta objeção também se baseia num mal entendido do qual, pelo menos em parte, têm culpa aqueles cristãos que falam e cantam como se Cristo, e não o Deus triúno, fosse exclusivamente ao autor da salvação deles. A Bíblia nos ensina que o Deus triúno providenciou livremente a salvação dos pecadores. Não havia coisa alguma que O constrangesse. O pai fez o sacrifício do Seu filho, e o filho ofereceu-se voluntariamente. Não houve cisão,
mas, sim, a mais bela harmonia entre o pai e o Filho. Cf. Sl 40. 6-8; Lc 1.47-50, 78; Ef 1.3-14; 2. 4-10.
13.2.5 – A Natureza da Expiação: A doutrina da expiação aqui apresentada é a doutrina da satisfação ou
substituição penal, que é a doutrina claramente ensinada pela palavra de Deus. A Declaração da Doutrina da Expiação Substitutiva e Penal – Na discussão deste conceito, devemos acentuar diversas particularidades.
1. A EXPIAÇÃO É OBJETIVA – Quer dizer que a expiação influi primordialmente na pessoa por quem é feita. Se um homem age mal e presta satisfação do mal que praticou, esta satisfação visa a influir na pessoa que praticou o mal, e não na parte ofendida. No caso em foco, significa que a expiação foi destinada a propiciar a Deus e reconciliá-lo com o pecador. Esta é, indubitavelmente, a idéia primordial, mas não implica que não podemos falar também da reconciliação do pecador com Deus. A Escritura o faz em mais de um lugar, Rm 5.10; 2 Co 5.19, 20. Deve-se ter em mente, porém, que isto não é equivalente a dizer que o pecador é expiado, o que significaria que Deus fez emendas ou reparações, que Ele prestou satisfação ao pecador. E mesmo quando dizemos que o pecador foi reconciliado, isto dever ser entendido como algo secundário. O Deus reconciliado justifica o pecador que aceita a reconciliação (…). Noutras palavras, o fato de que Cristo reconcilia a Deus com o pecador redunda numa ação reflexa da parte do pecador, em virtude da qual se pode dizer que o pecador se reconcilia com Deus.
2. É UMA EXPIAÇÃO VICÁRIA – Há diferença entre expiação pessoal e vicária. Nosso interesse se volta particularmente para a diferença entre ambas quanto à expiação de Cristo. Quando o homem caiu e se afastou de Deus, ficou devendo uma reparação a Deus. Mas ele só poderia expiar o seu pecado sofrendo eternamente a penalidade fixada para a transgressão. É o que Deus podia exigir, pela estrita justiça, e teria exigido, se não tivesse agido com amor e compaixão pelo pecador. De fato, porém, Deus designou um substituto na pessoa de Jesus Cristo para tomar o lugar do homem, e este substituto expiou o pecado e obteve eterna redenção para o homem. O dr. Shedd chama a atenção para os seguintes pontos de diferença neste caso: (1) A expiação pessoal é providenciada pela parte ofensora; a expiação vicária, pela parte ofendida. (2) A expiação pessoal excluiria o elemento de misericórdia; a expiação vicária representa a mais elevada forma de misericórdia. (3) A expiação pessoal estaria em ação para sempre e, daí, não poderia redundar em redenção; a expiação vicária leva à reconciliação e a vida eterna.
3. PROPÓSITO (EFEITO) DA EXPIAÇÃO – A expiação foi destinada a afetar a relação de Deus com o pecador, o estado e a condição de Cristo como o Autor Mediatário da salvação, e o estado e a condição do pecador.
3.1. SEU EFEITO COM REFERÊNCIA A DEUS. Deve-se salientar primeiramente que a expiação não efetuou mudança alguma no ser interior de Deus, que é imutável. A única mudança que foi produzida foi uma mudança na relação de Deus com os objetos do Seu amor expiatório. Ele se reconciliou com aqueles que eram objetos da Sua ira judicial. Significa que a Sua ira foi desviada pela cobertura sacrificial do pecado deles. A
expiação não deve ser descrita como a causa motora do amor de Deus, pois já foi uma expressão do Seu amor. Ela é muitas vezes apresentada como se, na teoria da satisfação, Deus não pudesse amar o pecador enquanto as Suas justas exigências não fossem satisfeitas. Mas, então, omite-se o fato de que Cristo já é a dádiva do amor de Deus, Jo 3.16.
3.2. SEU EFEITO COM RESPEITO A CRISTO. A expiação assegurou a multiforme recompensa para Cristo como o Mediador. Ele foi constituído Espírito vivificante, fonte inexaurível de todas as bênçãos da salvação para os pecadores. Ele recebeu:
A. Tudo quanto dizia respeito à Sua glorificação, Sua presente glória messiânica inclusive. Razão pela qual ele orou quando, em Sua oração sacerdotal, por antecipação, já considerava completa a Sua obra: “E agora, glorifica-me, ó pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”, Jo 17.5.
B. A plenitude daqueles dons e graças que Ele confere ao Seu povo. Assim lemos em Sl 68.18: “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes, para que Deus habite no meio deles”. Paulo aplica esta passagem a Cristo em Ef 4.8.
C. O dom do Espírito Santo para a formação do Seu corpo místico e para a subjetiva aplicação dos frutos da Sua obra expiatória. Isso é evidenciado pelas palavras de Pedro no dia de Pentecoste: “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do pi a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis”, At 2.33.
D. Os confins da terra como Sua possessão e o mundo para o Seu domínio. Esta foi uma das promessas a Ele feitas: “pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por tua possessão”, Sl
2.8. Que esta promessa foi cumprida está patente em Hb 2.6-9.
3.3. SEU EFEITO NO QUE SE REFERE AO PECADOR.
A. A expiação não somente tornou a salvação possível para o homem, mas de fato a garantiu. Sobre este ponto os calvinistas contestam os católicos romanos, os luteranos, os arminianos e todos quantos ensinam uma expiação universal. Estes afirmam que a expiação de Cristo apenas tornou a salvação possível, e incerta, para aqueles a quem é oferecida. Mas o calvinista ensina que a expiação garantiu meritoriamente a aplicação da obra de redenção àqueles para os quais estava destinada e, assim, tornou certa e segura a sua salvação.
B. Ela assegurou para aqueles a favor dos quais foi feita:
1) Adequada posição judicial mediante a justificação. Isto inclui o perdão de pecados, a adoção de filhos e o direito a uma herança eterna.
2) a união mística dos crentes com Cristo por meio da regeneração e da satisfação. Isto abrange a gradual mortificação do homem velho, e o gradual revestimento do homem novo, mediante Jesus Cristo.
3) Sua bem-aventurança final, em comunhão com Deus, mediante Jesus Cristo, na glorificação subjetiva e no gozo da vida eterna, numa nova e perfeita criação.
4. A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO.
4.1. O Ponto Exato em Questão. Quando Deus enviou Cristo e quando Cristo veio ao mundo para fazer expiação pelo pecado, fizeram isto com a finalidade ou propósito de salvar somente os eleitos, ou todos os homens? Esta, e só esta, é a questão.
4.2. Exposição da Posição Reformada (Calvinista – expiação limitada). A posição reformada é que Cristo morreu com o propósito de real e seguramente salvar os eleitos, e somente os eleitos. Isto equivale a dizer que Ele morreu com o propósito de salvar somente aqueles a quem Ele de fato aplica os benefícios da Sua obra redentora.
4.3. Outras Posições. Várias tentativas têm sido feitas, em círculos que se dizem reformados, para modificar esta posição. Os arminianos holandeses sustentavam que Cristo morreu com o propósito de tornar a salvação
possível para todos os homens, sem exceção, embora nem todos sejam salvos. A salvação lhes é oferecida com a condição de haver fé e obediência evangélica, condição que eles podiam preencher em virtude da dádiva divina da graça suficiente ou comum a todos os homens.
Os universalistas calvinistas procuravam colocar-se entre a posição reformada e a dos arminianos. Distinguiam um duplo decreto de Deus: (a) Um decreto para enviar Cristo ao mundo para salvar todos os homens por Sua morte expiatória, com a condição da fé nele. Contudo, porque Deus viu que este propósito fracassaria, dado que ninguém aceitaria a Cristo pela fé, Ele propôs um segundo decreto ao primeiro. (b) Um decreto para dar a um certo número de pecadores, a saber, aos eleitos, uma graça especial, com o fim de gerar fé nos seus corações e garantir a sua salvação.
5. A Obra Intercessória de Cristo. A obra sacerdotal de Cristo não se restringe à oferta sacrificial de Si mesmo na cruz Às vezes se declara que, ao passo que Cristo foi Sacerdote na terra, é Rei no céu. Isto cria a impressão de que a Sua obra sacerdotal está terminada, o que de modo nenhum é correto. Cristo é um Sumo Sacerdote, não somente terreno, mas também, e especialmente,
13.3 – O OFÍCIO REAL: Na qualidade de Segunda Pessoa da Trindade Santa, o Filho eterno, Cristo, naturalmente, comparte o domínio de Deus sobre todas as Suas criaturas. Seu trono está estabelecido nos céus e o Seu reino domina sobre tudo, Sl 103.19. Esta realeza difere da realeza mediatária de Cristo, que é uma realeza outorgada e econômica, exercida por Cristo, não meramente em Sua natureza divina, mas como Theanthropos (o Deus-homem). Esta última não é uma realeza que pertence a Cristo por direito original, mas, sim, uma realeza na qual Ele foi investido. Ela não pertence a uma nova esfera que ainda estivesse fora do Seu domínio como Filho de Deus, pois tal esfera não se pode encontrar em parte alguma.